Desprender-se do ego!
Atualizado dia 19/06/2012 07:34:57 em Psicologiapor Paulo Salvio Antolini
Então, você já sabe como é desprender-se, soltar-se de si mesmo(a). Este é o estado que sempre deveríamos nos colocar quando interagimos com alguém. É a condição necessária para sabermos exatamente como o outro se sente, pensa, percebe.
O exercício acima pode ser também chamado de "soltar-se do ego", ou seja, estar confiante de que é capaz de perceber a realidade do outro sem destruir a sua realidade. Sem sentir-se ameaçado por se deparar com pensamentos e percepções diferentes.
Nossa cultura até hoje reforça o adágio "Se não está a meu favor está contra mim". Isso não é verdade, mas poucos percebem. Volto a falar sobre a confusão que se faz entre o comportamento de uma pessoa e a pessoa propriamente dita. Desde criança que ouvimos nossos pais dizerem: "Se você fizer isso eu não gosto mais de você". Registra-se a afirmação de tal forma que quando a percepção do outro não bate com a nossa é o suficiente para dizer: "Ele não gosta de mim";"Ele quer me derrubar" e assim por diante.
"Muitos filhos crescem sentindo-se rejeitados porque seus pais foram incisivos em criticá-los, ainda com o fechamento: "você nem parece meu filho"; "eu não suporto você", etc. Sofrem os pais e muito mais os filhos, que se vêem renegados em suas essências. O que os pais não suportam são determinados comportamentos, confundem isso como se não suportassem os filhos realmente. Os filhos crêem na segunda parte: "Meus pais não me suportam".
Na educação e criação familiar, esse fato ganha proporções tão grandes que são inúmeros os filhos que hoje, criados, ao estarem perto de seus pais, sentem-se tão mal, muitos sem identificar o que realmente está acontecendo, que procuram ficar o mínimo necessário com eles. Muitos filhos se afastam definitivamente. Pais sentem-se abandonados, dizendo terem criado filhos ingratos e filhos dizem terem uma vida própria, sem tempo para atenderem as "exigências e caprichos" de seus pais. Mesmo não indo vê-los, convivem com um mal-estar constante, meio sentimento de culpa não declarado e não identificado. Sofrem todos.
Quando adultos, ocorre a continuidade do "ou é meu amigo ou é meu inimigo", excelentes funcionários são demitidos porque "ousaram" expor seus pensamentos, que não coincidam com o de seus superiores. Taxados de "subversivos" e "indisciplinados", em nenhum momento, seus chefes pararam para refletirem no que haviam ouvido. Nos casos extremos, demissão, em outras situações e mais comuns, quando acontece o que os funcionários haviam dito, ainda são acusados de terem conspirado para o ocorrido.
A frase que mais escuto de pessoas que agem assim é: "Eu não sou assim, você não sabe o que está dizendo". Aí enumeram as situações onde agiram diferentemente. Quando se permitem o questionamento, identificam que agem assim quando não lhe dizem respeito.
Perceber isso é bom, pois mostra que são capazes de agirem desprendidamente, sem julgamentos ou sem sentirem-se ameaçados. "Se posso escutar o filho de outro falar bobagens e até rir, por que não posso escutar o meu filho?", é o início da possibilidade de estabelecimento de uma interação mais verdadeira e próxima entre aqueles que se amam. No trabalho, é o início da percepção que há várias formas de se ver e ou fazer a mesma coisa e que nem sempre a que se defendemos é a melhor delas. Aceitar isso não torna as pessoas incompetentes, ao contrário, aumenta suas potencias enquanto lideres, pois passam a usar efetivamente os recursos que possuem.
Desprender-se do ego! Poder encontrar a autoconfiança sem necessidades de auto-afirmações que levam gradativamente a um isolamento, pois as pessoas acabam se distanciando daqueles que, para se sentirem bem, amados ou com a razão, necessitam "pisotear" sobre os demais, levará a vida de cada um ser muito melhor.
Texto revisado
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