Encarar o que é!



Autor SPAÇO NATUREZA & TERAPIAS
Assunto PsicologiaAtualizado em 04/07/2012 17:42:26

ENCARAR O QUE É!
Por Silvio Farranha Filho - psicanalista
" Você compreendeu o que é, então o que é tornou-se real. Como a mente está constantemente se esquivando, fugindo, recusando-se a ver o que é, ela cria os próprios obstáculos. Pelo fato de termos constantes obstáculos que nos impedem de ver, não compreendemos o que é e, assim, estamos fugindo da realidade. Ver o que é... requer uma grande capacidade e conscientização... virar as costas para tudo o que construímos..." - J. Krishnamurti - "A Primeira e Última Liberdade " - pag. 202.
Por Silvio Farranha Filho - psicanalista
A pessoa deseja ficar rica, porisso faz apostas em loterias. Sua felicidade é alcançar a riqueza. Este desejo esconde duas coisas. Uma, a pessoa sofre porque não se torna rica e a outra sofre porque ainda continua pobre. Sua realidade é a pobreza, coisa que ela não quer ver. Sua pobreza física reflete sua pobreza psíquica, emocional, que é a causa real da sua pobreza. A sua miséria interior lhe traz um sofrimento profundo, uma dor quase insuportável, que para fugir desta dor a pessoa busca reprimir, negar, recalcar, transferir ou sublimar os seus sentimentos. Este sofrimento fica secretamente escondido dentro dela que, prisioneira dele, passa a sonhar com a liberdade. Projeta para si ou para os outros uma vida rica e passa a viver dessa projeção. Ela se torna quem não é e busca freneticamente algo que não existe, pois sua mente enraizada em padrões de pobreza desconhece a riqueza, algo que não sabe como lidar.
O que aconteceria se essa pessoa alcançasse a riqueza desejada? A chegada da riqueza lhe traria a sensação de felicidade, mas o seu relacionamento com os elementos da riqueza denunciariam a presença daquele sentimento que ficara escondido. Estaria ela comprando um carro novo para se sentir rica ou para afastar o estigma da pobreza? Se não olhar para a sua Sombra vai optar por um carro que seja muito superior às suas próprias necessidades. Nesse ritmo, em pouco tempo suas atitudes abririam as portas para que a miséria interior viesse a se manifestar na vida rica, fazendo com que ela tenha uma vida de pobreza dentro da riqueza, como era antes, ou ficando verdadeiramente pobre materialmente.
Algumas questões: qual o real motivo que a move a fazer apostas em loterias? É o desejo de ter uma vida mais confortável, ou a fuga de uma vida detestável? Onde está o real sofrimento? Na alma, em ser um "pobre de espírito" ou na vida material? Um prêmio de loteria resolveria o sentimento de ser pobre encravado no íntimo? Haveria a possibilidade de qualquer coisa externa aplacar este sofrimento?
Como a escolha foi a de buscar por prêmios milionários, toda vez que se depara com alguém rico, uma dor vem á tona, que não é admitida, a dor de sua pobreza. Para se livrar dela lança críticas à pessoa rica. O sonhar com a riqueza, as imagens mentais imaginárias passam a funcionar como anestésico dessa dor, e a necessidade de fazer as apostas é inevitável, para se ter garantido o direito de sonhar e um lenitivo para a dor.
Diante da constatação que o premio não veio, a dor ressurge violenta, porque foi reprimida. Dor porque não se alcançou a liberdade do sofrimento e dor por permanecer na vida sofrida. Para não enlouquecer, a pessoa se lança nas apostas freneticamente.
Encarar o que é!
É a outra escolha, a mais difícil! Abrir mão das projeções. Encarar, de frente, sua própria pobreza. Olhar para os verdadeiros sentimentos, para a dor, para as frustrações. Voltar-se para a verdadeira vida que se está levando, para aquela que se tem. Enfrentar o que é real - a pobreza interna manifestada na pobreza material, em outros termos "cair na real". Defrontar-se com os paradoxos, para as inconsistências, para as incoerências entre a vida que se quer com a vida que se tem, algo do tipo, o dinheiro gasto com uma aposta pode ser utilizado na compra de um quadro. O prêmio não veio, o que se queria, mas a parede está enfeitada, o que se realmente tem. A felicidade está em se sair da vida de penúria com as próprias idéias e criatividade, sabor este que as projeções não vão dar, porque estão sendo aplicadas na vida real, mudando definitivamente a realidade e mesmo havendo um prêmio de loteria, a felicidade permanecerá, porque muda somente a base.
Algo parecido acontece no set terapêutico, muitas pessoas declaram que suas vidas melhoraram, isto porque optaram por encarar o que é, deixaram de viver nas projeções, se concentraram em viver suas realidades, enxergaram a dor interna e se assumiram a partir dela e, por fim, partiram para a vida explorando ao máximo os seus próprios recursos.









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