Eu vi!... Caso Clínico - parte I
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Autor Cleide Neuza Fernandes Maia
Assunto PsicologiaAtualizado em 05/10/2008 21:45:20
Andréia – trinta e dois anos, vive numa cidadezinha próxima, com pouco mais de dez mil habitantes, ela, o marido e dois filhos. Mulher simples e dedicada, como grande parte das mulheres de hoje em dia, é mãe, esposa, trabalhadora e estudante, porém muito submissa. Na época, atendente de uma drogaria pela manhã e a noite acadêmica do curso de farmácia, a tarde cuidava dos filhos e dos afazeres domésticos. Sua mãe a ajudava cuidando dos seus filhos enquanto estava fora. O marido por sua vez trabalhava o dia todo e retornava para casa no início da noite.
O casal vivia muito bem, entre eles havia um grande amor. Cada um colaborava com o bem estar e realização do outro. Ele, em especial, fazia o máximo para que ela realizasse tudo o que pretendia, à noite e nos finais de semana cuidava das crianças e ajudava nos afazeres da casa para que ela descansasse mais e se dedicasse aos estudos. Porém, Andréia apesar se reconhecer à família maravilhosa que tinha, do esforço da mãe e do marido para ajudá-la, sentia-se com alguns limites.
Sem vontade para continuar aquela vida tão dura, mas promissora, buscou ajuda. Queixava-se de uma intensa dor interna, nervosismo e uma angústia que consumia todas as suas forças, muita vontade de chorar e de desistir de tudo. Relatou que sofria de enxaqueca desde os seus cinco anos de idade (lembra), época em que seus pais se separam e foi viver com mais dois irmãos na casa da avó paterna.
Contou que sofreu muito, a avó era muito brava e maldizia sua mãe, o que a deixava muito triste e confusa, sem saber o porquê. Nunca mais ninguém disse nada a respeito da separação e especialmente sobre a mãe, apenas dizia que havia se casado com outro homem, ido morar distante e não tinham mais informações. Por muito tempo ficou em saber que a família paterna impedia a mãe de ver os filhos. Os anos se passaram. Voltou a rever sua mãe quando já era casada, ficaram amigas, sentia algo estranho em relação a ela, mas nunca falou sobre isso e nem sobre o passado. Constantemente estava depressiva, nervosa.
Recorri a regressão em busca de uma causa que justificasse a enxaqueca e a depressão, doença que estava naquele momento tomando conta de sua vida. Andréia reviveu um momento surpreendente em sua vida: No ventre da mãe percebe uma luz amarela forte, sente um certo incômodo, seu lado direito começa a tremer. É tomada por um mal estar: dor de cabeça, enjôo, encolhe-se. Certifica-se que tem uma pessoa com sua mãe, um homem, com o qual mantém relação íntima, mas não é o pai - é um parente próximo dele. Revolta-se, fica enraivecida, sente-se presa. Esta situação se repete por várias vezes. O que sempre a deixava tensa, com dores e com vontade de afastar-se dali, isolar-se daquele mundo. Num momento posterior revive, já depois do nascimento, diversas discussões entre os pais, nas quais falavam de suspeita e de separação, o que veio ocorrer algum tempo depois. No final da sessão, ao despertar suspira aliviadamente e diz : “eu vi”.
Nesse dia, ficamos por aí.
Na semana seguinte Andréia volta radiante: relatou sentir-se muito bem, menos nervosa, mais alegre e mais “topetuda”, isto é, percebeu que estava reagindo melhor em situações que antes, embora descontente, se calava. Relatou também um sonho muito importante, falava de sua vida durante o Nazismo. O que veremos na parte II.
Mas, é importante ressaltar o período que o ser vive no ventre da mãe. A determinação que os acontecimentos na vida intra-uterina tem para a saúde psíquica na fazes vindouras. Ali o feto pode perceber coisas que são fundamentais, que vão interferir de alguma forma, negativa ou positivamente.
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Psicóloga, atua numa aboradagem psicanalítica e utiliza técnicas de hipnose e regressão. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |