Fazendo a Diferença
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Autor Léa Maria Vicari
Assunto PsicologiaAtualizado em 5/7/2011 10:36:28 AM
Conversava com uma jovem amiga que, como jovem, está vivendo uma fase de desilusões em relação a concretizar seus sonhos. Dizia ela que está decepcionada consigo mesma pois já tem 25 anos (!) e não fez nada significativo na vida. Questionei por que ela se sentia assim , uma vez que já está concluindo pós graduação, já trabalhou em vários projetos ambientais , é chefe escoteira, , e uma outra série de coisas. Ela me respondeu que nunca realizou nada que fizesse a diferença.
Voltei para casa pensando em suas palavras.O que é realmente, fazer a diferença?
Somos educados para sermos grandes realizadores, com grandes projetos, grandes feitos. E essa expectativa fica tão arraigada em nós que deixamos de refletir sobre o que é ser, realmente grande.
Um amigo, a alguns anos atrás, contou-me que, quando jovem, decidiu que seu sonho era partir para a Africa, para fazer trabalho voluntário e missionário junto à populações carentes.E assim, foi falar com o padre responsável pela sua paróquia . O padre o deixou falar sobre seus sonhos e projetos e, quando ele terminou, o padre elogoiu-o muitíssimo e disse: Meu filho, não é preciso ir a Africa para realizar seu sonho. Logo aqui perto tem uma favela com uma população carente. Vá lá e realize seu sonho.Meu amigo nunca foi e essa histório me marcou profundamente.
Parece-me que ou realizamos algo grandioso, ou não realizamos nada.Mas o que são realizações?
Quando levantamos pela manhã e desejamos um bom dia a nossos familiares, isso não é uma realização? Muitos pensam que não, mas como sonhar um mundo mais amoroso se não damos amor?
Quando saimos de casa , tomamos a condução para o trabalho, e ouvimos a pessoa ao lado, isso não é uma realização? Mas sonhamos um mundo mais compreensivo e isso não é compreensão.?
No trabalho ajudamos, ensinamos, aprendemos, compartilhamos.e isso não é uma realização? Mas sonhamos um mundo mais igualitário e e isso não é crescer juntos?
Sonhamos um mundo mais justo, mas não valorizamos as pequenas ações que permitiriam que isso acontecesse. Não valorizamos sentar com nosso irmão e ensina-lo a ler, não valorizamos sentar na praça e ouvir as histórias de uma pessoa idosa e solitária, não valorizamos poder dar um prato de comida a quem tem fome, não valorizamos erguer do chão e consolar uma criança que caiu e ralou o joelho. Não valorizamos o nosso trabalho rotineiro que na verdade faz a diferença, pois se não o fizesse, ele não existiria.
Mas se acontece uma tragédia com a de Teresópolis, então sim nos mobilizamos, nos condoemos, sentimos compaixão, somos solidários .Um grande feito para uma grande catástrofe.E aí sim, nos sentimos fazendo a diferença.
Como grandes tragédias, graças a Deus, não acontecem todos os dias, então ficamos com uma enorme sensação de vazio dentro do peito, e nos tornamos tristes e desencantados.
Mas, conforme já disse em um outro artigo, a vida só é possível reinventada. Se reinventarmos nossos valores e expectativas, veremos que sim, fazemos a diferença todos os dias, em pequenos gestos que, na verdade, são grandes gestos.
E então nos sentiremos plenos.
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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Léa Maria Vicari Formada em psicologia pela UNIP em 1979,com pós graduação em Arte Integrativa pela Faculdade Anhembi Morumbi e cursando pós graduação em Psicologia Transpessoal na Alubrat. Psicoterapeuta voltada ao atendimento de jovens e adultos. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |