Gestando Bombas!
Atualizado dia 11/12/2011 22:27:53 em Psicologiapor Paulo Salvio Antolini
A partir daí, passei a usar a expressão "gestar bombas" para me referir às situações onde a pessoa fica remoendo dentro de si pensamentos que dão asas à sua imaginação. Tendo como referência o que se sentiu no momento em que o fato ocorreu, uma construção mental de continuidade do fato, do tipo "construção de um enredo" de uma estória, assim ela se inicia. A pessoa revê a cena: ela fala, o outro responde, a pessoa repete o que disse. Aí ela percebe que o que falou não é o mais ferino ou ofensivo. Refaz o pensamento e diz pra si própria: "Não. Não é isso, não é assim, vou dizer...." e reformula a frase, e vai repetindo esse exercício mental até que se dá por satisfeita com o que construiu. A partir daí, repete esse pensamento a cada momento, como o vídeo tape de um filme do qual não consegue se esquecer.
Este fato pode acontecer entre duas ou mais pessoas envolvidas. Mas se uma só estiver fazendo isso, já é suficiente para que a relação perca a espontaneidade e a honestidade. A pessoa faz de conta que está tudo bem, mas não é verdade. Ela já não é mais sincera, pois com tanto ressentimento dentro de si, se fosse manifestar o que estava sentindo, poderia ser muito agressiva. Vai sufocando e engolindo em seco, mas não consegue digerir porque não está mais aberta à relação naquele momento.
A relação passa a ser uma troca de "farpas" constante. Frases do tipo: "o que há com você?". "O que está acontecendo?", e respostas como: "Nada!". "Você está vendo coisas onde elas não existem." são comuns e freqüentes.
Os desentendimentos, as brigas, a negativa em escutar até o que se queria ouvir estão instituídos nessa relação. Fica praticamente impossível o entendimento e a compreensão. Marido e mulher, pais e filhos, chefes e subordinados, amigos que acabam por se distanciarem. Tudo pelo grande poder de imaginação que o ser humano possui e que faz questão de não saber usar positivamente.
Faz questão porque não aceita o exercício do desprendimento nas situações que o feriram. Situações desagradáveis, situações onde se sentiu exposto negativamente. Esse exercício exige como principal ingrediente a humildade, assim como uma auto-estima bem resolvida e que não fique sendo questionada por si mesmo a cada momento: É a chamada autoconfiança.
"Larga disso!", "esqueça!", e muitos outros conselhos desse tipo são dados, mas não praticados. Gestar bombas é alimentar ressentimentos de forma a fazê-los crescer tanto, que não se terá mais controle sobre sua manifestação. "Depois não adianta chorar", eis aí outra expressão muito usada, mas que também não serve para nada, pois a mágoa já aconteceu e muito poucas pessoas revêem com consciência o tamanho da besteira feita.
Repetindo o que já foi citado em artigo anterior, "O ressentimento está para o sentimento, tal qual a neblina está para a estrada!". O ressentimento nos impede de enxergar o verdadeiro sentimento. Ajuda-me saber que tudo que o outro me faz, de alguma forma eu também faço, mesmo que com maior ou menor intensidade ou freqüência. Quando se perceber gestando alguma bombinha, imediatamente volte à origem da relação e tente ver que a pessoa que agora lhe magoou é muito superior à atitude que ela possa ter tomado. Redirecione seu pensamento para idéias construtivas e verá, com surpresa, que aquele que você julgou ter-lhe magoado tanto, na verdade não percebeu o que fez ou o fez com outras intenções que não as de lhe ferir. Tal qual uma gestante tem dentro de si um ser amado, vamos também gestar amor. E ele certamente será multiplicado.
Texto revisado
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