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Mãe na modernidade - Ser ou não Ser

Atualizado dia 3/19/2009 7:30:12 AM em Psicologia
por Paulo Zonta


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O lugar da mulher no mundo, ao longo do tempo, vem mudando. Hoje, ela pode, além de mãe, única opção no século 19 e que veio mudando no século 20, se concretiza na atualidade em poder escolher outras posições sociais antes impensáveis. Algumas optam por não se casarem, ou se casarem mas não ter filhos, ou ainda não se casar e ter filhos sem um pai ao seu lado, ou ainda ter filhos e viver com uma parceira (união homoparental), enfim. E neste ponto, é que quero aproveitar para começarmos a pensar: Porque algumas mulheres querem ser mães e outras não.

Primeiro, em psicanálise, não podemos ver o desejo manifestado como a verdade absoluta (mesmo os nossos), pois sabemos que existem muitas estratégias profundas de nosso psiquismo que impedem que sejamos "totalmente autônomos" em nossas escolhas conscientes. Quero dizer que atrás de toda atitude ou desejo manifesto existe um "desejo profundo" que muitas vezes está camuflado em justificativas estapafúrdias do dia-a-dia, e por isso vivemos nem sempre conscientes de nosso real Ser.

Apesar de desejar ser boa mãe, boa esposa, também conflituosamente entram outros desejos no jogo: o de ser independente, realizar-se profissionalmente, alcançar o sucesso econômico e outros que sempre são desejos que satisfazem necessidades profundas, pois nos trazem gratificações práticas e materiais. Desta forma, ser uma mãe clássica como no início do século passado, pode de alguma forma inviabilizar outros sonhos da mulher.

Hoje, critica-se muito a “cobrança da sociedade” em esperar da mulher que cumpra o papel de mãe, e ao mesmo tempo suge uma nova “cobrança da sociedade” na mulher realizada profissionalmente. Do ponto de vista de cada mulher, pode existir um desejo pessoal e íntimo que, se não for conhecido no seu profundo, faz com que ela viva em contínuo conflito interno.

Como exemplo, podemos pensar naquela mulher que queria ser mãe, mas quando conseguiu concretizar esse sonho não se sentia feliz (muito comum). Para ela, a vida de mãe não é tão boa como pensava. No fundo, ela não queria isso. Em alguns casos, a mulher vivencia a depressão nos primeiros meses pós-parto, e isso pode se estender até anos seguidos, num conflito entre o arrependimento por ter tido aquele filho, acompanhados de profundos sentimentos de culpa por desejar isso. Estes sentimentos conflituosos podem ser tão intensos que a mulher acaba por manifestar em seu comportamento desde a depressão, até a raiva que acaba por descarregar nos familiares mais próximos, (principalmente cônjuges) por via de pequenos fatos aparentemente insignificantes, que nada tem a ver com o assunto, mas que simplesmente "disparam" essa cólera.

Isso mostra porque precisamos sempre buscar compreender o profundo de nossos desejos e diferenciar o que é "desejo nosso" e o que é "desejo do outro" (da sociedade, dos familiares), dentro de nós mesmos... Muitas vezes agimos em função de pressão social, pressão e influência consciente ou inconsciente dos familiares, e outras vezes para satisfazer desejos pessoais “que não são bem aquilo”... Outras tantas vezes, ainda, buscamos satisfazer desejos "que não podem ser revelados", desejos profundos, (inconscientes) que são mascarados pois são inconcebíveis para nós mesmos, ou para a sociedade.

Assim, pensa-se que se quer uma coisa por tal motivo, mas às vezes descobre-se na análise que não era nada daquilo.

Antes de ser mãe ou optar por não ser, é importante um trabalho de autoconhecimento profundo para entender as reais motivações dessa escolha, e assim poder fazer a opção com mais consciência e clareza quanto aos motivos. Este processo possibilita não comprometer tanto o novo Ser que surge nessa maternidade, como a própria posição da mãe, enquanto indivíduo, consigo mesma daí em diante.


Texto revisado por: Cris

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Conteúdo desenvolvido por: Paulo Zonta   
Terapeuta e Coaching
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