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Mamãe, me deixe em paz!

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Autor Alex Possato

Assunto Psicologia
Atualizado em 8/12/2009 11:44:19 AM


Na terça-feira passada estivemos fazendo mais um encontro do grupo de Autoimagem e Caminhos, com constelação sistêmica. Uma das dinâmicas propostas por Theresia Maria, nossa facilitadora de constelação, sugeriu que trabalhássemos a mágoa.
- Quem tem alguma mágoa e deseja trabalhar isso, agora?
Várias mãos se levantaram. Algumas com mais firmeza que outras. Foi escolhida uma das nossas amigas, companheiras do curso. Era uma mágoa realmente dolorosa. Atritos severos com a própria mãe, uma senhora difícil e geniosa, assim como a filha. Pelo menos esta é a aparência. Pela experiência que temos em processo terapêutico, posso afirmar que não existem pessoas difíceis e geniosas, integralmente. A mesma pessoa difícil é dócil em milhares de situações. A mesma pessoa geniosa é amável em outras. Aquele que fere em alguns momentos, também acaricia, em outros. Com algumas pessoas, a pessoa difícil se transforma em um docinho de côco. Com outras, a pessoa geniosa é uma verdadeira geléia de framboesa. Por que será que alguém tem atrito com outro?
As relações não são construídas por aquilo que vivemos. Nós possuímos uma energia sistêmica que conduz nossas emoções e, consequentemente, nossas atitudes. Em especial, no caso de mãe e filha, por mais que a sociedade diga que mãe nasceu para ser amada e amar, o Universo diz que mãe nasceu para aprender e ensinar. E isso, geralmente, é doloroso. Temos exatamente a mãe que necessitamos. E a mãe tem a filha que precisa. Existe , sim, o amor nesta relação. O amor mais sublime que possa existir: o amor que queima e destrói como chama, para reconstruir um ser novo e sublime; o amor que muitas vezes desmonta o nosso ego, traz sofrimento, para renascermos como seres divinos que somos. Renascermos nesta vida mesmo, não em outras... Esse amor necessita de atitude. Não tem nada a ver com dar presentinhos, pegar o filhinho no colo, amamentá-lo. Isso fica bem em propaganda de banco ou de shopping center, mas não condiz com a realidade humana. A realidade é mais dura, e por isso mais sublime, possibilitando a redenção.
Muitas vezes, para que este amor familiar, sistêmico, universal se manifeste, as energias de mãe e filho provocam separação. A mãe abandona o filho, por amor. O filho cria ódio da mãe, por amor... Tão contrário a si é o mesmo amor, diz Camões. E continua o poeta caolho: é ter com quem nos mata, lealdade. Imagine você, ser leal a quem o matou? Pois é, é isso mesmo. Camões reafirma há quinhentos anos, o que Bert Hellinger, o criador da constelação familiar sistêmica diz hoje: o amor fere, machuca e cutuca, e por isso mesmo, é curativo.
Ter profunda mágoa da mãe significa ter amor profundo por ela. Porque a mãe que temos mágoa não é a mãe externa, que está fora de si. É a mãe interna, parte de nós, da qual fomos gerado. Como podemos somente odiar aquela que nos permite estarmos vivendo esta vida tão grandiosa? É por isso que, mesmo inconscientemente, amamos nossa mãe, e amamos nosso pai. Mesmo quando o ego diz: não! O ego não entende de amor. Ele só pensa que entende. Amor não é pensado: é sentido. Na dinâmica que fizemos, o personagem filha, irredutível, ouvia os gritos de dor e desespero do personagem mãe. E aparentemente não estava nem aí. Mas estava. Sofria por dentro, como uma úlcera corrói as vísceras. E a mãe não queria magoá-la: estava presa em sua própria dor. E por isso, não conseguia agir melhor com a filha. A dinâmica prosseguiu. Lágrimas de todos os lados. Gritos, bate pé. Rancor, revolta, falta de proximidade. Filha e mãe eram absolutamente iguais. Carregadas de dores, de sentimentos feridos. E como o amor pode florescer, nessa situação?
Não era necessário. O amor não precisa florescer. Ele já se demonstra, onde há ódio e tumulto. Assim é a vida. O amor que floresce só se manifesta quando alguém assim o deseja. E ouve um momento em que uma das duas desejou. Na dinâmica. E então, o sistema foi rompido. Isto ficou bem claro. Não existe mágoa só de um lado. Um lado é absolutamente igual ao outro. Ambos necessitam da mágoa, para coexistirem em conflito. A mágoa só atinge a alguém que magoa também. O bom desta história, é que este que magoa, uma hora pode perceber que a compaixão também está em suas mãos. E pode manifestá-la.
O universo coloca estas dores, estes sofrimento, quase como se fosse de propósito. Alguém pouco observador diria que Deus é sádico. Mas não é. As piores dores estão recheadas, completas, abarrotadas do mais sublime amor. Transbordando. Pronto para se demonstrar, ao momento em que o "dono" desta dor diz: sim. Eu aceito. Eu observo. Conservo a minha parte, e entrego o resto a quem pertence. Não preciso carregar todas as dores do mundo, mas aceito o que é meu.
Como diz Gibran Khalil Gibran: "Grande parte do vosso sofrimento é por vós próprios escolhida: É a amarga poção com a qual o médico que está em vós cura o vosso Eu-doente. Confiai, portanto, no médico, e bebei seu remédio em silêncio e tranqüilidade. Pois sua mão, embora pesada e dura, é guiada pela suave mão do Invisível, e a taça que ele vos oferece, embora queime vossos lábios, foi confeccionada com a argila que o Oleiro umedeceu com Suas lágrimas sagradas".
O seu "Eu-doente" é o seu ego, que se acha doente, ferido, incapaz, imperfeito. E por isso, julga os outros com a mesma intensidade que se julga. A sua essência, que é aquela que o seu Criador o dotou, é perfeita. O Ego não aceita isso, e o Universo coloca as dores. Menos se aceita a perfeição, e mais dores. Até, quem sabe, um dia o Ego perceba que o mundo é perfeito, do jeito que é, baixe a cabeça, e se coloque a serviço de algo maior. A vida se transforma. Você se transforma, pois suas mágoas, dores e baixa autoestima desaparecem, afinal, eram ilusórias. Quem sabe até mamãe se transforme?

Alex Possato é professor de constelação familiar sistêmica e terapeuta sistêmico. Clique aqui e saiba mais


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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Alex Possato   
Terapeuta sistêmico e trainer de cursos de formação em constelação familiar sistêmica
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