MORTE - LUTO E VIDA
Autor Juliana Rizzo - Terapeuta Transpessoal
Assunto PsicologiaAtualizado em 11/7/2016 6:35:53 PM
(...) “ É que a morte também é uma terrível brutalidade – nenhum engodo é possível – não apenas enquanto acontecimento físico, mas ainda como um acontecimento psíquico: um ser humano é arrancado da vida e o que permanece é um silêncio mortal e gelado. Não há mais esperança de estabelecer qualquer relação: todas as pontes estão cortadas.” (Carl Gustav Jung).
A grande verdade é que nada sabemos sobre a morte, quando ela chegará e como será, apenas temos a absoluta certeza de que um dia isso acontecerá e é de costume acreditar que esse momento chegará quando estivermos bem velhinhos.
Medo da morte seja sua ou de alguém que ama, quem não tem? Com certeza 98% da população sente esse medo, o que é natural porque nosso inconsciente não aceita a morte e tem como a origem desse medo o desejo da imortalidade, do “para sempre”. A realidade da morte está presente em tudo, nos finais de ciclo, em rompimentos, na experiência de luto e com todas as perdas que temos em nossa existência.
Sempre que falamos em morte não podemos esquecer que estamos também falando de vida.
É indescritível a dor da perda, a dor de saber que nunca mais terá a convivência, o contato, a saudade que aperta o peito e o desespero de que não há nada que se possa fazer, tudo dói na lembrança de quem se foi. Essa é uma dor que talvez exista para sempre, porém há formas e maneiras de transforma-la de fazer dessa dor uma oportunidade de se viver, de rever conceito e crenças. É a grande oportunidade que a vida te deu para viver.
Para que isso possa acontecer é preciso que saibamos e nos permitimos elaborar o Luto. Ele é a reação psicológica da perda e só ocorre quando há uma ligação entre a pessoa em luto (enlutado) e o falecido, e a forma que encontramos de viver a morte em vida. Precisamos de alguma maneira integrar o ocorrido. O ritual, o respeito à dor e a tristeza pela perda é uma forma da pessoa em luto compreender o ocorrido.
O luto é elaborado em processos devido uma sucessão de fases com muitas características que variam de pessoa para pessoa. A morte repentina de alguém é uma ruptura brutal para os que ficam, pois não escolhemos enfrentar ou passar por isso.
As consequências fisiológicas e psíquicas são muitas nesse processo: crises de ansiedade, insônia, inquietude, tensão, pânico e momentos de dor e desespero agudo. A experiência de viver dentro do próprio limite emocional faz com que mesmo que inconsciente travemos conversas internas (dentro de nós) como umq maneira e forma de sair dessas crises. A perda provoca no indivíduo uma desorganização interna, levantando diferentes emoções, talvez nunca sentidas antes, além da restruturação externa de adaptação a nova realidade. Esse processo é o grande desafio que se pede a mudança, o abandono de velhos padrões, sentimentos, postura diante a vida, é a oportunidade que o sofrimento cria de transformação e elaboração criativa de uma nova realidade. É a possibilidade do surgimento de um novo Eu, é um renascimento em meio à dor.
Podemos dizer que as fases do luto são: choque, procura, alívio, raiva e culpa.
É preciso desligar-se de quem se foi mantendo em si internalizado seus traços e todo o afeto vivido para que possa realmente seguir como uma nova vida.
Desligar-se não é esquecer ou não lembrar. Não se apaga uma lembrança, não se apaga um sentimento eles sempre existirão, porém podem existir de uma maneira criativa e curadora e não dolorosa.
É preciso conscientizar-se, permitir e viver as fases necessárias nessa elaboração de luto.
Na minha opinião a vida na morte representa exatamente isso, manter as lembranças, sentir uma saudade sadia e motivadora. É a oportunidade de uma autoanálise profunda, não no sentido do que fez ou poderia ter feito para aquele que se foi e sim o que você pode fazer para que sua vida possa valer cada segundo, e o que esse acontecimento pode transformar na vida. É claro que nada disso é rápido assim, antes de chegar nessa consciência é preciso se permitir a dor e viver ela na intensidade que ela vier; não se deve mascarar um sentimento, é preciso dar vazão; quando você se permite sentir algo também esta permitindo que esse algo possa partir para que o novo venha. Tudo isso é muito difícil em meio a esse turbilhão de sentimentos, as pessoas tendem a se enganar, a projetar em situações aquilo que não está ou não se permitiu viver, quanto menos se aceita a perda mais ele terá força negativa em sua vida.
Para o processo de luto não existe uma barganha, troca ou compensação; não é preciso criar uma “fantasia” de que isso ou aquilo compensará. A “compensação” só existirá quando literalmente estiver transpondo a dor da perda e do rompimento de forma harmoniosa e verdadeira para consigo mesmo.
Jung diz que “ permanece realmente vivo quem estiver disposto a morrer com vida”. O que nos fala sobre a força e coragem em suportar o silêncio da pergunta sem resposta.
Acredito que muitas vezes essa “resposta” não vem como gostaríamos exatamente, mas da forma como poderíamos entender e compreender é preciso estar atento, de alguma forma surgirá um caminho, através de um sonho talvez, na fé, em algum acontecimento transcendente, seja como for ou a forma que for existirá algo como fonte expiradora e motivadora para viver a Vida que a Morte trás.
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Terapeuta Transpessoal e Holístico / Florais de Bach / Técnicas de meditação para ampliação de consciência / Técnicas com mandala - a busca pelo EU / Desenhos e Sonho como forma de acesso aos conteúdos do inconsciente E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |