Neurociência Afetiva. O que nos motiva? O que você quer da vida?
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Autor Karin Veronica Teixeira da Silva
Assunto PsicologiaAtualizado em 24/11/2013 00:41:15
Neurociência Afetiva. O que nos motiva? O que você quer da vida?
Uma pergunta que nos fazem e nos fazemos cada vez mais. Mas a neurologia garante: a resposta complicou mesmo, porque nossas motivações evoluíram junto com o resto. O que nos faz levantar da cama, ir para a faculdade, fazer exercícios ou encarar um dia de reuniões é muito mais do que o salário no final do mês. Resolvidas às necessidades básicas, o que nos move é uma exigência interna de autonomia, conhecimento, envolvimento e dinamismo. Na era da informação, esses fatores se tornam ainda mais importantes. E é por isso que tantos pulam de galho em galho buscando algo melhor o tempo todo. Queremos comida, diversão e arte.
O simples fato de ter um emprego é significativo para o desenvolvimento dos indivíduos no final da adolescência. A experiência prática de trabalhar pensa-se, põe fim à adolescência. A escolha da ocupação certa é também de vital importância; afinal, a maioria das pessoas passa quase um terço da vida no trabalho. A ocupação escolhida (ou “não escolhida”)- nem sempre podemos escolher- e sua posição socioeconômica na vida adulta terá influência significativa de educação formal e do êxito acadêmico do adolescente.
Querer não é gostar
Quando o psicólogo James Olds e sua equipe da Universidade McGill, no Canadá, descobriram, em 1954, que a busca pela satisfação, e a própria satisfação em si, acendiam a mesma região no cérebro dos ratos, não tinham ideia de que transformariam as crenças da época sobre nosso comportamento. Estudos posteriores feitos em humanos consolidaram a teoria de que somos impelidos a buscar prazer o tempo todo. Encaramos o estudo árduo antes do vestibular e enfrentamos o congestionamento até a praia pela recompensa final. Como explica o neurocientista Jorge Moll, (presidente do Instituto DOr de Pesquisa e Ensino, Dr. Jorge Moll Neto), para entender como a neurociência explica os mecanismos cerebrais que regulam as manifestações do amor e de sentimentos semelhantes, como o ódio, o prazer e atração. Na expectativa de viver algo que queremos, nosso cérebro já nos dá uma provinha da satisfação. Mas descobertas recentes mostram que a coisa não é bem assim.
Em experimentos que uniram ressonância magnética, exames de neurorradiologia e mapeamento de ondas cerebrais, o professor de psicologia da Universidade de Michigan Kent Berridge fez o achado mais significativo dos últimos 50 anos sobre a motivação. Ele descobriu que nosso cérebro tem dois sistemas de recompensa – um que nos leva a querer e outro que nos leva a gostar. Costuma ser uma operação conjunta: sua mente sente vontade de alguma coisa e, depois, prazer por conquistá-la. Essa venda casada sempre ocultou o fato de termos dois sistemas diferentes – mas que podem ser flagrados quando não estão em sintonia. Quando se usam drogas ou em situações de ansiedade e estresse, o “querer” é turbinado, e provoca a busca de uma recompensa mesmo que você não esteja tão a fim dela. Ou seja, você se motiva para conseguir algo que quer, mas não gosta.
Essa descoberta explica , na pressão do vestibular, alguém gostar de arquitetura mas estar cheio de gás para fazer medicina. Explica por que aquele emprego pelo qual você lutou é decepcionante de uma maneira que você nem sabe explicar, depois que conseguiu a vaga. E por que nenhuma empresa faliu seguindo o consagrado esquema de recompensas e punições: afinal, o cérebro dos funcionários quer esse esquema, só não parou para pensar se gosta dele.
Em sua versão mais conhecida, a Neurociência Afetiva, tal qual elaborada por Jaak Panksepp, postula, de imediato, que os tipos de eventos mentais que designamos por “estados emocionais constituem o reflexo de nossa habilidade neurobiológica para experienciar subjetivamente certos estados do sistema nervoso”.
Jaak Panksepp, neurocientista da Universidade de Washington, passou décadas mapeando cérebros de animais para concluir que aquilo que conhecíamos como sistema de prazer não produzia tanto prazer assim. No livro Neurociência Afetiva afirma que o motor da nossa motivação está muito mais em buscar do que realiza.É esse impulso que nos faz sair todo dia da cama- ou da toca.
O psicólogo norte-americano Daniel Goleman, apresenta em seu novo livro, "O Cérebro e a Inteligência Emocional", as mudanças e evoluções do conceito e as novas descobertas do ramo que o autor denomina como "neurociência afetiva".
A verdade é que a tecnologia alterou muitos dos comportamentos humanos. Mudanças no sistema econômico e o uso da internet trataram de exigir de nós novas competências e, assim, expor algumas de suas falhas.
“O que faz mover os seres humanos do ponto de vista biológico inclui a fome, a sede e o sexo. Mas há outra motivação há muito reconhecida, que é a resposta às punições e às recompensas no ambiente que nos rodeia. No entanto, a meio do século. XX alguns cientistas começaram a aperceber-se que para os seres humanos existe uma terceira motivação - aquilo a que alguns chamam "motivação intrínseca". Ao longo de várias décadas, os cientistas do comportamento tentaram compreender a dinâmica dessa terceira motivação e explicar o seu poder.”.
A primeira motivação seria a recompensa
A princípio, você repete algo que lhe dê uma recompensa (. “trabalhar, que dá dinheiro”.) e é pouco provável que repita o que gera punição (fazer um interurbano de celular, que tira dinheiro).
“A questão é que esse tipo de recompensa, sozinha, pode acarretar uma espécie de alquimia comportamental”.
Isso porque a recompensa faz as pessoas ficarem tão focada no prêmio que elas falham justamente em mostrar e desenvolver suas melhores aptidões, como a criatividade.
A segunda motivação é o conhecimento. É a habilidade plena que a pessoa tem sobre alguma atividade, um talento que pode ser trabalhado e aprimorado.
A terceira motivação é o engajamento. A capacidade de enxergar naquilo que fazemos um sentido maior.
É por isso que há, hoje, uma tendência a se falar e agir em prol de conceitos como sustentabilidade e coletivismo. As pessoas se sentem imbuídas a fazer parte de algo que pode ser representativo não apenas para elas, mas para seus filhos, amigos, vizinhos, enfim, para o mundo. Por isso está se tornando cada vez maior a cultura de iniciativas capazes de agrupar pessoas em prol de um interesse comum.
O que faz a vida valer a pena? Mihaly Csikszentmihalyi, professor do departamento de Psicologia da Universidade de Chicago, propôs essa pergunta a uma plateia.
“NÃO SE PODE LEVAR UMA VIDA EXCELENTE SEM O SENTIMENTO DE QUE SE PERTENCE A ALGO MAIOR E MAIS PERMANENTE DO QUE A SI MESMO.”
Além de atender às nossas necessidades biológicas de sobrevivência, de sermos recompensados por aquilo que fazemos benfeito e realizar com autonomia algo que importa, precisamos ter a sensação que o que queremos e do que gostamos tem um significado. E isso realmente nenhum dinheiro pode comprar. KARIN VERONNICA (neuropsicóloga)
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Karin Veronica é especialista em Neuropsicologia, trabalhando com Transtorno Afetivo Bipolar, Transtorno de Ansiedade, TOC,PÂNICO,TDAH,PSICOONCOLOGIA,STRESS. Trabalha com grupos semanais, trabalhando no stress através de técnicas de relaxamentos e hipnose. Trabalha com grupos de adolescentes. Orientação Profissional. Gerontologia E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |