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O Homem Virtual!

Atualizado dia 14/04/2013 14:55:17 em Psicologia
por Paulo Salvio Antolini


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Gosto de buscar no dicionário o significado das palavras. Vamos ver o que ele nos diz sobre a palavra "virtual": "Que não existe como realidade, mas sim como potência ou faculdade; Que equivale a outro, podendo fazer as vezes deste, em virtude ou atividade; Que é suscetível de exercer-se embora não esteja em exercício; potencial; Que não tem efeito atual; Possível".
Tenho me surpreendido com o número cada vez maior de pessoas que estão vivendo "o mundo dos pensamentos", desenvolvendo sobremaneira a "arte do discurso", esmerando-se no falar sobre, mas nada fazendo para colocar em prática o que se está pensando.

Antigamente, as pessoas quase não tinham opção. A dura realidade era seguir os passos dos pais, dar continuidade ao que estes faziam sem questionar ou pensar em mudar qualquer coisa. Desde pequenas, crianças ainda, já eram introduzidas nos negócios da família, não lhes eram dadas alternativas. Ainda bem que isso foi se alterando, o que possibilitou a reflexão e o direito de escolha de cada um. Atualmente, a grande maioria pode optar, mas infelizmente ainda existem algumas exceções, com pessoas que não possuem este poder de escolha.
Os jovens começaram a se preparar para a vida e passaram a se inserir no mercado de trabalho com idades mais avançadas. E os adultos? O que está acontecendo conosco, que tanto reclamamos, ao mesmo tempo que sentimos que podemos?
Eis a questão. Um dos principais motivos que vão desde dificuldades financeiras até insatisfações generalizadas, encontra-se no viver virtualmente. O que está em potencial e que ainda não se concretizou.

Quantos, ao se levantarem, se percebem cheios de ideias, animados, empolgados, mas ao fim do dia já se vêem desanimados, cabisbaixos, às vezes irritados, pois colocam o não acontecer na conta dos outros, não nas suas próprias.
Lembro-me de um empresário que, ao dirigir uma reunião com sua equipe de vendas, em determinado momento, deu um soco na mesa, surpreendendo a todos, inclusive a mim, e berrou, descontroladamente: "Pelo amor de Deus, chega! Eu não quero mais ideias. Eu não quero mais sugestões, eu só quero que cada um escolha uma das ideias ou sugestões já trazidas e a realize".

O silêncio foi geral. Ao contrário do que poderíamos supor, as vendas aumentaram em mais de quinze pontos percentuais naquele mês. Os vendedores pouco iam à empresa, diferentemente dos meses anteriores. Para os meses seguintes, o empresário determinou que, a cada reunião de inicio de mês, cada vendedor apresentaria seu "programa de trabalho", conhecido por nós como planejamento e programação de vendas. As reuniões passaram a ter duas etapas: um momento com todos, assuntos de interesse geral e um momento com cada um dos vendedores, com uma análise individual dos resultados, comparada com o que havia se proposto no início do mês. Eles começaram a fazer.

A maioria das pessoas não sabe como entram nessa de só "refletir e pensar" de forma dissociada do executar, fazer, agir. E quase nenhuma consegue mais encontrar a saída sozinha. E por quê? Porque para sair dessa, o primeiro passo é admitir que se está fantasiando uma realidade inexistente, pelo menos, ainda.
Quantos se sentem um "zero à esquerda", pois não obtiveram resultados positivos? Mas posso afirmar que a maioria das pessoas não fez, apenas tomou como verdade que ter a ideia e pensar sobre ela faria tudo acontecer. E se sentem fracassados.
Agir. Dar direção aos esforços no sentido que estabelecemos. Tanto se fala que as coisas não caem do céu, mas fica-se à espera de que elas aconteçam, apenas porque foram "pensadas". Caminhar passo a passo, enfrentando as dificuldades e obstáculos, sem receio de que se possa fracassar. O temor de que não dê certo é um dos principais entraves do fazer.
Sei de pessoas que ficam horas, dias, em frente a um computador, desenvolvendo planos e projetos, mas que tão logo os terminam, em vez de irem a campo, iniciam outro.
Sair do virtual é vir para o mundo da ação. Sofrer porque algo não deu certo é, de longe, melhor do que o não ter feito nada.

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