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O namoro na relação dos casados

Atualizado dia 3/31/2013 4:55:28 PM em Psicologia
por Paulo Salvio Antolini


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Quem ou quando foi que nos ensinaram que após o casamento não é mais preciso namorar? Por que será que com a formalização da união, deixa de existir aquela demonstração de satisfação e orgulho que havia no período de namoro e noivado?
Atualmente há vários casais, alguns que até já viveram sob o mesmo teto, que optaram por morar em casas separadas, pois enquanto moraram juntos vivenciaram a desarmonia e a discórdia. Hoje cada um tem seu espaço, o que lhes permite uma relação saudável e feliz. Compartilhar o mesmo espaço físico faz com que o espaço de vida de cada um seja invadido? Parece que sim.

Quando o casal passa a morar junto, o fato de já não se ter mais que se aprontar para o encontro faz com que certos comportamentos sejam abolidos: tomar banho, vestir-se especialmente para ver a pessoa, escolher um local para se ir, seja uma visita a amigos, um cinema, uma lanchonete, um motel, enfim, saírem juntos. Agora, na mesma casa, chegam do trabalho, jogam-se no sofá, um vai preparar o lanche, o outro liga a televisão, se no início lanchavam juntos, agora um diz para o outro "vai comendo que eu já vou". Pronto. Instalou-se o processo de afastamento.

Começa então a se desenhar uma nova rotina na vida do casal, onde os dois já não mais se "entrelaçam" como antes. Agora é cada um por si. Alguns, quando questionados, chegam a dizer que é bobagem ficar um esperando pelo outro. Assim, cada um fazendo uma coisa, ganham tempo. Verdade, mas... e o que perdem?
O compartilhar, que antes era tão cultivado e agradável, agora já não é mais levado em conta. Parece que bastou casar para que o(a) companheiro(a) não precise mais de consideração. "Pode se virar sozinho(a)".

Antes, todos os encontros de banho tomado, perfumados e arrumados, agora, aquela camiseta velha e rasgada (que deixa mais à vontade), chinelo de dedo e short, às vezes também rasgado, pois o mais novo é para passear; ela, com um roupão ou um "vestidinho simples", que deixa mais à vontade para fazer o serviço da casa. Cabelo amarrado, ou mesmo preso com "caneta". Se a ironia pudesse falar ela diria "são um charme só".
Quando os filhos chegam, então, se a atenção do casal para si mesmo já era falha, agora é completamente dividida. Relações sexuais transformam-se em obrigação e têm que ser rápidas, pois eles (os filhos) podem acordar. Para um casal nesse estágio, falar em namoro é ofensa grave.
Até muito pouco tempo, achava-se que casamento era isso. Hoje já não é mais assim. Se a insatisfação se instalar, muito rapidamente a relação vai se deteriorar, indo cada um buscar lá fora um novo contexto de "namoro". O "contexto de namoro" é a relação entre o casal, onde o admirar, o compartilhar, o conquistar sempre, o surpreender, o querer estar a sós, manifesta-se muito forte, justamente para poderem trocar carícias, beijarem-se, falarem de coisas que sabem compartilharem segredos.
É triste quando o casal acha que já conhece totalmente um ao outro. Quando alimentam o "já é meu (ou minha)", quando se perde a cumplicidade. Agora um passou a subestimar o outro e vice-versa. É o acomodar-se no "já está tudo conquistado". Essa tendência vale também para outras situações do ser humano: emprego, amizades, etc. As pessoas deixam de cuidar, de zelar, de cultivar o carinho e o respeito. Perdem então a admiração pelo outro. Onde está o romance? Para muitos o romance é visto como algo até ridículo.
Aos casados eu aconselho que repensem tal conduta. Há muitos "descasados" que, ao serem questionados em particular sobre suas antigas relações, reconhecem que poderiam ter feito muita coisa diferente, que lhes permitiria estar muito mais felizes.
Casais que pautam sua relação no respeito e na admiração um pelo outro se mantêm eternamente enamorados.

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