Oferecer pouco, uma tragédia da cultura brasileira



Autor Regis S Mesquita de Oliveira
Assunto PsicologiaAtualizado em 06/01/2012 14:00:57
Jean-Batiste Debret pintou cenas do cotidiano brasileiro do século 18, como a pintura acima (veja no site Psicologia Racional).
Nela uma senhora de escravos dá alguma comida para duas crianças escravas nuas, enquanto almoça sendo abanada e servida por escravos.
Ela é dona da vida e do destino destas pessoas. Se quiser, pode vender as crianças, suas propriedades. Ela exige muito deles e oferece pouco. Um pouco de comida, que é a sobra de sua abundância.
Este oferecer pouco a torna mais "humana". Serve para criar uma auto-imagem positiva. Os outros escravos até podem dizer: "ela é bondosa".
Se ela é bondosa é porque existiam pessoas piores do que ela. Portanto, as melhores são aquelas que oferecem um pouco de comida para crianças escravas que sequer vestiam algo.
A cultura brasileira acostumou com o OFERTAR POUCO.
É um modelo mental que impregna todas as áreas da nossa sociedade. A minoria foge do padrão, a maioria vive conforme o modelo.
Exemplo: você procura um encanador eficiente, tem dificuldade de encontrar. Procura por um engenheiro confiável, que não vai te passar para trás na construção da sua casa; é difícil de encontrar.
Você conhece muitas pessoas, mas tem dificuldade de encontrar as que sejam confiáveis.
Patrões que oferecem pouco, pouquíssimo, reclamam da dificuldade manterem os pouco funcionários que oferecem muito.
Na verdade vivemos uma cultura da desculpa e da negativização alheia.
Se o escravo foge, depois de ter comido da mão da senhora é porque ele é ingrato. Se a professora não se esforça para ensinar é porque o governo faz algo errado. De desculpa em desculpa, negativiza-se os outros para justificar o pouco ofertar.
Neste modelo mental há sempre duas polaridades: o eu e o outro que é negativizado. Só não existe a responsabilidade pessoal de oferecer eficiência, disciplina e coerência.
Coerência (vou usar como exemplo a escravidão): se quer que os escravos tenham gratidão, é porque acredita que eles tem sentimentos, desejos, vontades; portanto deveria oferecer moradia digna, liberdade, etc. Mas, para oferecer isto ela terá mais gasto, e isto ela não quer ter - quer oferecer pouco.
Eficiência: fazer bem feito. A melhor forma de ter em abundância e gerar paz é eficiência. Ao fazer bem feito, terá os benefícios da facilidade (pois fazer mal feito dá mais trabalho). Além de treinar outras qualidades humanas: concentração, tolerância à frustração, resolutibilidade, boa vontade, resiliência, etc. O que você quer de uma pessoa que você contrata? Que ela resolva seu problema. Simples, mas exige um modelo mental diferente do que temos no nosso país.
Quer um exemplo de como esta simplicidade é difícil? Para tirar sua PRÓPRIA certidão de nascimento "inteiro teor" em Minas Gerais, é necessário a autorização do JUIZ. Ou seja, os desembargadores do Tribunal de Justiça de MG (todos eles "bondosos"), tendo milhares de problemas para resolver, decidiram "acabar com a farra" do povão propenso à desonestidade (negativização) que insiste em pedir sua PRÓPRIA certidão de nascimento "inteiro teor". Só eles podem NOS AUTORIZAR a ter nossa "migalha" de direitos. Esta situação pouco eficiente sugere que existem cidadãos que precisam de um tutor por serem propensos ao erro e os senhores da justiça distribuindo migalhas de benevolência. Por serem senhores, eles merecem mordomias negadas ao populacho a quem eles bondosamente permitem acessos aos próprios documentos. É OU NÃO É IGUALZINHO À PINTURA DO SÉC. 18? Só muda a situação histórica, já que o modelo mental é o mesmo.
Disciplina: a disciplina é um treinamento constante de focalização da mente. A mente atenta consegue superar os obstáculos e não se deixa distrair por outras variáveis. A mente atenta é mais racional e mais inovadora. Ou seja, é capaz de adaptar os conhecimentos que estão estocados na memória, tornando-os eficazes na solução do problema presente. Esta disciplina ajuda a gerar a objetividade e a simplicidade: preciso da minha certidão de nascimento "inteiro teor", peço no cartório e ele me entrega. Simples, para quem é racional e não negativiza os outros. Estou estudando matemática: tenho que aprender de verdade, ou seja, tenho que saber muito bem a matéria. Na hora que for fazer um cálculo para construir um edifício não podemos dizer: tirei cinco, prédio só desabou depois de 10 anos.
Pense na sua vida: em que setores dela você oferece pouco? Normalmente será nas áreas onde você negativizar o outro e tiver muitas desculpas.
Ao encontrar estas áreas tome a decisão: vou mudar meu modelo mental e vou ser EFICIENTE, completamente eficiente.
Autor: Regis Mesquita
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