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Os danos da autoafirmação I

Atualizado dia 4/21/2013 5:34:22 PM em Psicologia
por Paulo Salvio Antolini


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No desenvolvimento humano, há etapas em que a autoafirmação se faz necessária para que a pessoa se firme como ser humano, reconheça seu próprio valor e desenvolva sua autoestima. Mas como é triste ver pessoas adultas se comportarem ainda através da autoafirmação!
São pessoas que possuem uma necessidade íntima muito forte de impor-se à aceitação do meio. Precisam estar sempre em destaque, como o centro das atenções, recebendo, é claro, constante aprovação dos que as cercam. Não enxergam os que estão ao seu redor. Falam como se os demais não existissem enquanto pessoas merecedoras de respeito e consideração, ofendendo e maltratando aqueles a quem se referem e concluem olhando ao redor, a fim de observar, envaidecidas, a plateia que acabou de assistir seu show.

A necessidade de autoafirmação, de estar sempre sendo reconhecido e elogiado pelos outros, faz com que o ser humano deixe de olhar verdadeiramente para dentro de si, que é onde se encontram os reais meios de reconhecimento, o que também lhes permite promover a diminuição da necessidade de se buscar o retorno externo. Não é ser narcísico, mas ter de si mesmo uma percepção equilibrada e realista, ou melhor, estar centrado em si mesmo.
O "buscar fora de si" torna-se necessário quando se é criança ou pré-adolescente, em alguns casos na própria adolescência, pois está se formando o quadro referencial que, futuramente, servirá para o balizamento de suas ações. Observem como o jovem, em determinadas situações, se impõe e imediatamente olha ao redor a fim de observar qual será a reação das pessoas que o cercam. Está verificando se foi aprovado ou não, mas acima de tudo, está avaliando seu referencial de valores e "ajustando-o", deixando-o mais preciso. Futuramente, seu comportamento será regido pelo que adquiriu nesta fase.

Vivendo na busca da autoafirmação, essa busca de reconhecimento externo de seus valores, é comum usarem repetidamente as expressões: "Comigo não!"; "Comigo é assim!"; "Está (ao) pensando o quê?"; "Bateu, levou!".
Incomoda muito uma pessoa assim, mas há um outro lado, o da própria pessoa, pois sua carência de aprovação e de ser notada o tempo todo, faz com que ela não consiga ser ela mesma. Quem vive se autoafirmando "forja" um ser que não é. Perde sua espontaneidade, sua naturalidade e conseqüentemente, fica ainda mais distante de se sentir satisfeita. Formou-se o círculo vicioso. Não percebem o ridículo pelo qual estão passando, vivem em meio a discussões, discórdias e falta de harmonia. Mesmo quando os demais tentam deixar para lá, ele "retornam", pois precisam disso.

É possível tecer comentários críticos sobre estas pessoas? Sim, é. Mas há uma condição especial para isso: nunca fazê-lo na frente dos outros. O ideal é você lhes chamar a sós, expor seus pensamentos, apenas relatando, sem agressões ou acusações e elas receberão a crítica com muito "bons olhos", pois o que estará pesando para elas é a sua consideração e respeito em "se dignar" a dar-lhes atenção. Elas assimilarão com boa vontade tudo o que você disser. Mas saiba que será necessário repetir várias vezes esse tipo de ação, até que estas pessoas percebam que seu reconhecimento está sendo dado à pessoa que elas são e não ao seu comportamento ou forma de se colocar no meio.

Quem de nós já não usou frase do tipo: "Você precisa conhecê-lo melhor. Depois que isso acontecer verá que ele não é assim. Isso é só uma ‘carcaça".
É exatamente isso. Mas não pensem que o "puxa-saquismo" os deixará em paz com essas pessoas, pois elas percebem a falsidade de suas posturas e ficam ainda piores. Procurar conhecer melhor aquele que assim se coloca vai facilitar identificar o que exatamente está faltando para ele, e com isso poder-se-á ajudá-lo.
Conheço várias pessoas que após superarem esse tipo de necessidade tornaram-se encantadoras.

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