Os opostos se atraem?

De forma popular, nós ouvimos muito a famosa frase: os opostos se atraem. 

Em um vídeo publicado pela atriz Monica Martelli ela diz: “Freud que me perdoe, mas quando disse que os opostos se atraem o mundo era outro”. - dando a entender que em algum momento da obra dele, ele menciona esse fato.

 

Bom, Freud em nenhum momento disse que os opostos se atraem, pelo contrário. Ele falaria: “Não escolhemos os outros ao acaso. Encontramos aqueles que já existem em nosso inconsciente”. Ou seja, ele diz que em nosso inconsciente, uma das nossas estruturas psíquicas, existe uma força soberana, ou seja, com grande autoridade que nos impele a escolher aquele homem ou mulher com quem vamos nos relacionar, dividir vidas.

Mas aí você me diz: Raphael, continuo não entendendo, opostos se atraem ou não?
Eu lhe digo que não. Pela compreensão da psicanálise e seus estudos, em outras palavras lhe digo que nós não escolhemos alguém ao acaso, não escolhemos alguém diferente de nós ou o oposto. Pelo contrário, essa força do inconsciente, ou seja, dessa estrutura onde tudo é quase indecifrável, nós vamos escolher aquele/aquela que nos é familiar.

 

Nosso ego busca a todo momento nos proteger de todo e qualquer tipo de dor, ou seja, essa força indecifrável do inconsciente nos joga, nos impulsiona a buscar aquilo que é familiar ou seja, aquilo que o ego não percebe como ameaçador.
Freud fala sobre o complexo de Édipo em suas obras e essa teoria nos diz também que todas as nossas experiências da primeira infância, é que montam uma espécie de mosaico, de tela que juntos irão montar elementos que será desejados e buscados na nossa fase adulta.

Darei dois exemplos muito simples, mas para deixar um pouco mais claro:

1- Uma criança que em sua infância, uma garota, presenciou e vivenciou diversas situações com um pai tóxico, explosivo, pode ser que na vida adulta sinta uma forte atração inconsciente por homens explosivos, violentos.

2- Um garoto que durante muito tempo de sua infância conviveu com uma mãe controladora, que inibia seus desejo e vontades, pode ser, que na vida adulta, inconscientemente, sinta atração e desejo por mulheres controladoras também, assim como sua mãe.

Com base nesses dois exemplinhos simples, o que podemos entender é que essas primeira vivências emocionais, sejam eles positivos ou negativos, formarão uma estrutura que encontraremos ao longo de nossas vidas. Ou seja, se essas experiências de alguma forma foram sentidas pelo sujeito na infância como negativas, essa estrutura é que o guiará, inconscientemente posteriormente na vida.

Muitas dessas estruturas inconscientes, normalmente são projetadas no meio, como uma forma de resolução de conflitos. Ou seja, buscamos situações e pessoas, sentimos atração ou damos mais chances para relações que nos instigam situações difíceis como aquelas vividas na infância, vivenciadas com nossos pais ou por quem nos criou.
 

Longe de falar do mito da terapia em dia, mas se você costuma repetir esses tipos de padrões em sua vida, a análise é um convite para descobrir um novo jeito de caminhar e perceber o quanto a nossa liberdade e a nossa insegurança estão próximas.