POSITIVANDO AS EXPERIÊNCIAS
Atualizado dia 6/22/2011 10:10:20 PM em Psicologiapor João Carvalho Neto
O fenômeno da elaboração, termo que aproveitamos da Biologia para a Psicanálise, diz respeito à capacidade de transformar as situações experienciadas em produtos de evolução. Com isso, o resultado da elaboração vai se tornando alimento do psiquismo, ampliando sua capacidade de percepção, de interpretação e de amadurecimento frente às novas situações.
Mas nós ainda não conseguimos elaborar plenamente todo o material de experiências que a vida nos oferece para digerir. Algumas vezes, somos bem sucedidos e outras não.
O que tende a fazer com que uma situação seja mais dificilmente digerida é a presença de cicatrizes psíquicas passíveis de serem associadas às novas situações, que farão com que estas sejam potencializadas. Ou seja, quando um fato se sobrepõe a um trauma passado ele será mais doloroso do que outro que não tenha sentimentos de sofrimento similares antecedentes.
De alguma forma, podemos dizer que uma situação tornou-se um trauma predisponente a sensibilidades posteriores porque, na época de sua vivência, ela não foi devidamente elaborada.
Se você come e seu estômago não está apto a digerir aquele alimento você terá uma indigestão.
Se você passa por uma situação frustrante e seu psiquismo não está apto a elaborar aquela dor você terá adquirido um trauma, que pode variar de espécie e intensidade.
Mas o que pode favorecer uma melhor elaboração das frustrações? É a capacidade de positivar as experiências que vai sendo construída, aos poucos, por conta de uma melhor compreensão da vida, de seu funcionamento e do amadurecimento psíquico.
Positivar uma experiência é perceber, compreender e introjetar seu lado bom, as lições positivas que ela traz para nossa transformação. E toda experiência tem um sentido oculto, traz uma aprendizagem a ser construída; jamais duvidem disso, por pior que possa estar parecendo aquela por que você passa. O universo sempre conspira a nosso favor, mesmo quando ainda não compreendemos com clareza suas intenções.
A grande dificuldade que nos impede de aceitar esse processo educativo da vida é de ainda, muitos de nós, acreditarmos que nascemos para gozar as frivolidades do mundo e não para aprender. Não quero com isso estar condenando a busca pelo prazer, mas apontar no sentido de que temos buscado um prazer muito fugidio, que até pode ser vivido, desde que com a compreensão de sua impermanência.
Quando nos damos conta do determinismo do aprender passamos a gozar com o crescimento que as lições da vida nos proporciona, mesmo que isso envolva um certo nível de frustração.
Quem quiser aprofundar mais sobre essa idéia pode buscar outro artigo que escrevi – “O prazer de evoluir” – disponível em meu site.
Positivar uma experiência é compreender aquilo a que ela se aplica em nós. Ninguém passa por situações complexas por acaso. Todas estão ligadas a uma sincronicidade com nossos conteúdos psíquicos. Então, qualquer que ela seja, estará sempre falando um pouco sobre nós mesmos, sobre aquilo que ainda não conseguimos desenvolver para a plenitude.
Sempre algo em nós a ser trabalhado é que justifica as experiências por que passamos.
Muitas vezes a vida pretende refrear nossos impulsos imaturos, outras vezes nos está estimulando a reagir, a sair da inércia. Outras ainda nos levando a tomar consciência de traços de caráter ou sistemas de crenças enraizados que necessitamos modificar. Só que a maioria de nós, individualidades infantis, tende a reagir com rebeldia diante desse convite, que tomamos como uma imposição externa contra nossa integridade, quando, na verdade, é um direcionamento no sentido da evolução e da libertação. E o orgulho ferido, marcado pela rebeldia, faz-se necessitado de pontuações mais enérgicas que acabam sendo sentidas como dor e sofrimento.
A dor e o sofrimento não podem se tornar produtos de aprendizagem que faça avançar a individualidade, porque esse avanço aponta para a plenitude e a felicidade, estamos opostos à rebeldia e à dor. Elas apenas são estímulos para que a aprendizagem aconteça. Enquanto este ser humano sofrido com suas experiências não positivá-las, permanecerá vulnerável às novas dores educativas da vida.
João Carvalho Neto
Psicanalista, autor dos livros
“Psicanálise da alma” e “Casos de um divã transpessoal”
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Avaliação: 5 | Votos: 16
Psicanalista, Psicopedagogo, Terapeuta Floral, Terapeuta Regressivo, Astrólogo, Mestre em Psicanálise, autor da tese “Fatores que influenciam a aprendizagem antes da concepção”, autor da tese “Estruturação palingenésica das neuroses”, do Modelo Teórico para Psicanálise Transpessoal, dos livros “Psicanálise da alma” e “Casos de um divã transpessoal" E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |