Problemas de Relacionamento - A Dependência
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Autor Paulo Zonta
Assunto PsicologiaAtualizado em 3/5/2021 3:58:58 PM
André era uma criança muito extrovertida, tinha muitos amigos, sempre participava dos times que se formavam na hora do intervalo na escola, se dispondo a aceitar qualquer posição no time, deixava que os amigos escolhesse sua posição - a que sobrasse. Hoje, aos 43 anos, André conta "- No trabalho, não consigo opinar em reuniões, até comento as ideias dos outros, sempre elogiando e concordando com a cabeça, mas não consigo colocar minhas ideias. / - Não suportaria ter minha opinião tida como ridicula. / - Quero ser visto como uma pessoa boa e confiável. / - Não suporto ficar sozinho e preciso do feed-back dos outros. Sei que estou errado em ser assim, que isso é ruim pra minha vida, mas é assim que sou e não consigo ser diferente. / - Me sinto às vezes como um "boneco" nas mãos das pessoas, uma máquina de agradar meus amigos, mas não suporto a possibilidade de não ser aceito, de não ser admirado por ser um rapaz certinho e honesto.
Lucas quando criança não tinha muitos amigos na escola, e queria sempre passar, em suas próprias palavras, como " invisível": Sempre timido, às vezes se escondia no quarto quando tinha visitas na sala. Era muito ligado à sua mãe e a acompanhava sempre ao mercado, à feira ou mesmo em visitas às amigas. Ficava sempre ao lado dela e quase nunca largava sua mão. Hoje com 35 anos, Lucas me diz : " - Era meu jeito de manter-me vivo, de sentir-me eu mesmo e fugir do perigo em me relacionar com crianças da minha idade". / - Sei que não posso continuar assim, sei que sou dependente mesmo, mas não consigo ser diferente. Já me disseram assim: - Seja independente! Mude!, mas não funciona. Pra quem está de fora, pode parecer fácil, mas não é. È fácil dar palpites!. / - Queria me sentir melhor, ser mais livre, realizar meus sonhos e objetivos, mas sempre me travo.
Estes dois casos mostram como a dependência emocional não se manifesta em só um tipo de pessoa. Ela pode ser tímida ou extrovertida, agressiva ou passiva, e mesmo assim ser um dependente emocional. Eis mais alguns exemplos:
Maria G. recém separada após um casamento de 13 anos. Antes de conhecer o (ex)marido, vivia com a mãe, hoje falecida. Após o marido pedir o divórcio, Maria G. entrou em forte estado depressivo com traços de sindrome do pânico. Diz ela : "- Minha vida acabou, ele acabou com minha vida, eu não sei o que fazer agora, não sei pra onde ir, estou sozinha e não sei me virar..."
Adalberto é gêmeo com sua irmã, hoje aos 38 anos, ele ainda é solteiro e mora com a mãe. Trabalha e ocupa seu tempo todo com atividades ligadas a um grupo religioso do qual participa desde os 8 anos de idade. Adalberto é muito prestativo e acompanha a mãe em tudo, desde mercado à médicos ou visita à parentes. Ele nunca namorou e diz que sente falta sim, mas não consegue se ver vivendo longe da mãe.
A dependência emocional é muito comum nos nossos dias, e voce mesmo talvez esteja passando por um período de real dependência a um outro. Mas com certeza voce já passou por situações de dependência emocional ao longo da sua vida. A dependência em si é um comportamento natural do ser humano, nascemos num estado que chamamos de "neotenia", ou seja, o ser humano diferente de muitos animais, nasce sem as condições de sobrevivência necessárias para buscar seu alimento por si só, ou se proteger dos perigos da natureza, precisando assim de outro ser humano para se "humanizar". A mãe é nosso principal elo e nos primeiros meses nem conseguimos nos diferenciarmos dela, aos pouimento. Inicia-se o processo de individualização, e quando adultos essa dependência pode aparecer em momentos críticos de nossas vidas, ou de forma crônica fixar e fazer parte de nosso cotidiano, sem que nos percebamos disso.
Somos seres sociais por natureza, e nunca poderemos ser autônomos, mas um equilíbrio entre autonomia e dependência do "outro", é importante e vai definir nossa qualidade de vida tanto psíquica como social.
É importante observar os momentos em que ficamos sós, para ver o que sentimos, como nos portamos e quais as sensações que temos desta situação. Em muitos casos somente a ideia de ficar só, traz pavor, pois ali estaremos em contato direto com nossos próprios pensamentos e isso pode ser assustador.
Momentos de solidão é importante para todos nós e saudável, pois nestes momentos conseguimos nosso centramento. Mas também a necessidade constante de periodos longos longe das pessoas, pode ser um sinal de problemas. Precisar de estar sempre no meio de um grupo de pessoas pode ser uma atitude saudável mas também pode ser um sinal de uma "fobia social ao contrário", ou à dependência emocional e psíquica.
Um tratamento psicoterápico é o principal tratamento de fundo para a dependência.
A dependência emocional causa problemas sérios quando atravancam a vida, mantém angústias e acabam levando à doenças físicas.
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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Paulo Zonta Terapeuta e Coaching E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |