TRISTEZA E DEPRESSÃO
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Autor Maria Luiza Silveira Teles
Assunto PsicologiaAtualizado em 19/06/2010 15:28:18
A depressão parece ser a doença do nosso século. Ainda no século passado, a editora Brasiliense, em sua coleção "Primeiros Passos", publicou uma obra minha sobre o assunto, que continua vendendo e é mais atual do que nunca. É uma obra sintética, com uma linguagem acessível ao público leigo. Qualidade, aliás, indispensável a quem vai dar os primeiros passos no assunto.
Entretanto, por que ela continua tão atual e o público a busca tanto? Porque a doença vem atacando, cada vez mais, com força total, e suas verdadeiras causas continuam num terreno bastante nebuloso. Sabemos que existe aí uma baixa de serotonina (elemento químico que promove as sinapses no cérebro e nos leva a um equilíbrio emocional, ao prazer de viver e funcionar bem em todas as áreas). Sabemos, também, que doenças, perdas e traumas na infância podem ajudar no seu aparecimento mais tarde e, ainda, que um acontecimento "gatilho" a faz eclodir.
No entanto, o número de doentes é cada vez maior, atingindo inclusive crianças e adolescentes. E, mais que tudo, cresce o número de indivíduos tomando antidepressivos. A droga é eficiente? É. Necessária? Sim. O que nos espanta, porém, é a alta taxa de venda do medicamento... E o que nos preocupa é a confusão que o profissional da saúde e mesmo o público faz entre "depressão" e "tristeza". A depressão é uma doença, enquanto que a tristeza é contingência de quem vive. Porque a vida é maravilhosa, sem dúvida, mas cheia de percalços e perdas de todo tipo. Todo mundo tem seus dias de tristeza, porque são muitos os problemas existenciais e com eles só não sofrem as pessoas de baixa inteligência, psicopatas e aqueles que se deixam perder, mergulhados numa rotina automática, vivendo sem sonhos e objetivos quaisquer.. É como se fossem verdadeiros robôs. Estão anestesiados.
Tenho assistido - e comigo já aconteceu várias vezes - bastam alguma lágrimas, fruto de uma dor física ou emocional profunda; de cansaço, esgotamento ou estresse para que, imediatamente, o médico receite um antidepressivo.
Aqui não é o lugar adequado para que eu discuta um assunto tão vasto e profundo. O que quero realmente é que ninguém confunda tristeza com depressão, pois isso é algo perigoso que pode levar a sérias conseqüências.
Como, porém, distinguir uma da outra? Aqui lanço mão do trecho de meu livro que faz esta diferença:
- "A manifestação da tristeza, embora com diferenças individuais, - pois cada pessoa é uma expressão única e singular -, costuma ser por meio das lágrimas, do desinteresse pelas coisas cotidianas, pela falta de prazer na existência. Ela pode durar alguns dias, um mês, dois meses ou, talvez, até mais. Entretanto, passa sem que o indivíduo necessite de qualquer ajuda profissional. Aos poucos, ele vai se voltando para os amigos; mostra, de novo, interesse pelo trabalho, passa a fazer planos, traça novos objetivos... Enfim, volta à vida, cujo apelo é bastante forte, e da qual se afastou algum tempo para "trabalhar", "elaborar", "aceitar" sua perda.
Esta perda não tem de ser, necessariamente, a perda de um ser amado, mas pode ser de status, emprego, dinheiro, liberdade, um sonho, etc. O sofrimento emocional e mental de uma pessoa pode estar muito além do que eu possa imaginar, conceber, identificar, simplificar ou entender. Por isso é perigoso, e até mesmo ridículo, rotular sentimentos humanos, cheios de sofrimento. (...) Se você, pois, ainda suspira e sonha ao pensar em coisas como viajar, conhecer gente nova, apaixonar-se, etc., esteja certo: você não tem depressão. Apenas pode estar triste, cansado, ou de mau humor, o que é supernormal. (...)
Já a depressão é uma doença e séria. Se você apresenta pelo menos cinco dos seguintes sintomas, com certeza sofre dela: cefaléias constantes, sem causa determinada; problemas gastrintestinais, sem causa determinada cansaço constante; sintomas cárdio-respiratórios, sem causa determinada; baixa de humor; perda de interesse ou prazer; perda ou ganho excessivos de peso; insônia ou hupersonia; agitação constante ou lentidão psicomotora; constante perda de energia, diminuição da capacidade de concentração, decisão e memória; idéia fixa sobre temas de suicídio e morte; sentimento de desamparo; sentimento de desvalia; sentimento de inutilidade e culpa; medos vagos; fobias (medos irracionais de algo específico); hipocondria (doenças imaginárias); ansiedade; pouca esperança com relação ao futuro; inibições em várias áreas;sentimento de desespero; dispersão; tédio; produção reduzida; absorção em si próprio; choro constante; pessimismo; perda da autoestima; lamentações, incertezas, preocupações, tremores constantes; perda da libido, suores, boca seca, etc.
Se você constatou que está deprimido, não se assuste porque a doença tem cura. O que não se pode, como afirmamos anteriormente, é continuar confundindo tristeza, uma condição inerente à nossa humanidade e à vida, com depressão.
Terminando, a depressão deve ser diagnosticada por um especialista da área e não por um médico qualquer. E não se pode tomar antidepressivo à revelia.
Além da terapia, com profissional competente, você pode lançar mão de outros meios como a oração, a yoga, a meditação, o Tai Chi Chuan e exercícios físicos.
Frei Neylor Tonnin, grande psicólogo e teólogo, define a depressão como "anemia espiritual". Busque Deus e leia salmos da Bíblia que têm sempre o remédio exato para esta anemia.
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Fui professora de Inglês e, depois, professora universitária de Psicologia e Sociologia. Tenho 29 obras publicadas pelas editoras Vozes, Brasiliense e Parêntese. Hoje, trabalho como professora-visitante por todo o Brasil, sou consultora pedagógica e editorial e faça Reiki nas pessoas necessitadas que me chamam. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |