Vamos fazer diferente?
Atualizado dia 7/23/2017 6:52:38 PM em Psicologiapor Paulo Salvio Antolini
Filhos que em suas juventudes precisaram dedicar boa parte de seu tempo na procura para recolherem seus pais que, embriagados, ou encontravam-se em bares ou literalmente nas ruas, sem condições de voltarem para casa.
Muitos já os perderam levados ou pela idade ou pelos vícios, muitas vezes pelos dois motivos. Mesmo identificando que seus pais tinham problemas que não conseguiam encontrar formas mais saudáveis para enfrentá-los, e por isso se entregando aos vícios, tinham recriminações a fazerem.
Passados muitos anos, eis que esses mesmos filhos que tanto sofreram e também criticaram seus pais, hoje se encontram na mesma situação, repetindo o que antes consideravam um erro e uma fraqueza de seus pais. Hoje são esses mesmos filhos que agora pais, repetem igualmente os seus antecessores, os mesmos comportamentos, dando aos seus filhos os mesmos dissabores que sofreram no passado.
É conhecida a afirmação que nosso primeiro herói é nosso pai, nossa primeira heroína é nossa mãe e ao crescer novos modelos vão se somando à nossa existência.
Porém, o modelo primeiro é o que normalmente mais impacta em nossa formação. Baseado nisso, quando do surgimento de dificuldades, obstáculos e mesmo dissabores, decepções, a possibilidade de se ir buscar o como nossos heróis agiriam, a história tende a se repetir. Alguns reconhecem que estão trilhando o mesmo caminho de seus pais, porém, não sentem forças ou mesmo vontade de fazer diferente. Outros não admitem, justificando igual comportamento por motivos diferentes. Dão a si mesmos o direito de, mas continuam a criticar os que antes lhe deram o vício como exemplo. Não só para o alcoolismo, mas para todos os outros vícios existentes. Vícios e comportamentos, por exemplo, pais que sempre foram agressivos poderão formar filhos que ou serão complacentes demais com seus filhos, negando completamente seus modelos, ou serão também agressivos com seus filhos e pior, jogarão sobre eles toda a revolta do que sofreram quando na posição inversa.
Quando os filhos não conseguem realmente sair resolvidos desse processo, as possibilidades de se tornarem iguais é muito grande, assim como podem ir buscar em seus maridos ou esposas a repetição do que tiveram em seus pais.
Vamos fazer diferente? Eis a proposta. Vamos amar aqueles que nos deram a vida tal qual eles são, com suas qualidades e atentem, respeitando também seus defeitos, entendendo que essa é a forma deles se colocarem no mundo, mas não precisa ser a nossa. Isso só será possível se houver de nossa parte a aceitação do que eles são ou foram.
Caso contrário, faremos tudo se repetir. Fazer diferente é respeitar a quem amamos e reconhecermos nosso direito de fazermos nossas escolhas, escolhas essas que nos abrirão outros caminhos, diferentes do de nossos pais e nem por isso negando suas existências. Fazer diferente é a condição de cada ser humano assumir sua capacidade de opção, de escolha. Significa obter resultados diferentes. Quando se percebe isso, encontra-se também forças internas para as ações necessárias, não fugindo do que se necessita enfrentar.
Texto Revisado
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