Vencedores ou perdedores?
Atualizado dia 06/05/2012 22:00:31 em Psicologiapor Paulo Salvio Antolini
Marido disputa com a mulher o destaque na relação, um querendo que o outro se torne sua sombra. Colegas de trabalho com seus pares, seus superiores ou seus subordinados, disputam quem se sobressai mais, muitas vezes sem se preocuparem com o comportamento ético. Ferindo dignidades, apropriando-se de idéias ou ações, sabotando resultados e o mais comum: desqualificando valores ou méritos.
As pessoas se relacionam de tal forma que, mais que a competitividade saudável e produtiva, que move ambos para frente, estabelecem uma rivalidade que destrói e pior, muitas vezes, aqueles que os cercam consideram isso positivo e as incentivam. Depois não sabem o porquê de resultados tão alterados ou, mesmo que bons, a tão alto custo.
Não há ingenuidade no que digo, pois não ignoro que vivemos em um mundo capitalista e mercantilista. A competição é necessária. O sobrepor-se ao seu concorrente faz com que se conquistem maiores fatias de mercado e se observem que ora um está na frente, ora outro. Vejamos o que acontece com o esporte, no nosso caso, o futebol. O fanatismo de um torcedor atinge o ponto da desqualificação do time adversário, e ele não percebe que, na ânsia de se destacar, acaba tirando o mérito do seu próprio time, que afinal venceu. A valorização calcada no princípio de que tem que se ser o melhor, faz com que algumas pessoas vejam as outras não como companheiras, mas como competidoras e assim, em todos os níveis de relacionamento, está-se competindo.
Se soubéssemos o quanto é bom e gostoso quando nos aceitamos como somos e quando admiramos no outro o que não somos, ou que o outro é mais do que nós mesmos, a vida ganharia novos rumos. Para aqueles cujo viver não é competir, abre-se o espaço do prazer de desfrutar da amizade, do companheirismo e da felicidade que se vive ao ver seu próximo sendo bem sucedido.
Esse tema veio à baila quando, em uma conversa com uma pessoa que considero rara, ela me contando sobre uma situação onde seu mais contundente confrontador se perdeu nas armações e "conquistou" por si mesmo sua demissão, quando falei do quanto não é necessário contribuirmos para que a pessoa se "quebre" e então saia perdendo, ela me disse: "Paulo, perdemos todos". Uma pessoa comum diria: "recebeu o que mereceu, colheu o que plantou" e assim por diante, mas esta pessoa não. Para ela, o não conseguir despertar no outro a percepção de soma, de colaboração, já é por si só uma perda.
Enquanto muitos se vangloriam da "vitória" sobre seu oponente, alguns poucos se entristecem por perceberem-se impotentes na tentativa de despertar nos que estão ao seu redor a percepção de que todos somos absolutamente necessários. Todos temos nosso valor. Esta competição desvairada e descontrolada é uma das grandes responsáveis pelo empobrecimento das relações.
A busca constante da detenção do poder, de atrair para si as atenções, faz com que busquemos a conquista a qualquer preço. Mas lembrem-se: os fins não justificam os meios, embora o que está sendo praticado, difundido e, infelizmente, até admirado, é que, para se atingir um objetivo, vale qualquer coisa. Quantos clientes, após atingir o que se propuseram, "choraram lágrimas de sangue", pois a forma com que conquistaram os fez se sentirem indignos, o que lhes tirou todo o mérito da conquista.
Quer saber se você é um vencedor? Responda só para você mesmo: Você vive em paz e em harmonia consigo mesmo?
Texto revisado
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