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Ver o “circo pegar fogo”!

Atualizado dia 02/09/2013 10:03:38 em Psicologia
por Paulo Salvio Antolini


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Diretor de uma empresa de pequeno para médio porte. Visionário, busca ampliar os recursos que possui para enfrentar o momento que o mercado mundial atravessa. Essa busca tem como objetivo maior minimizar os sacrifícios que, normalmente, recaem sobre os funcionários, primeiros a sofrerem as conseqüências da evasão do dinheiro, pois as entradas diminuem, mas as despesas se mantêm.

Problemas surgiram na área produtiva e pesquisa aqui, mexe ali, descobriu-se uma manipulação, de uma das pessoas da chefia, para esconder da direção fatos que os beneficiariam (chefia e alguns subordinados) e que era julgado não prejudicial à empresa, portanto, não haveria motivos para se esconder o ocorrido.

Na apuração dos fatos, entretanto, descobrem-se contradições: situações de omissão e boicote, onde a empresa amarga com sérios prejuízos, pois acabam acontecendo atrasos na entrega de seus produtos, atrasos na entrada de dinheiro... E as contas têm datas fixas para serem liquidadas.

As pessoas que assim agem costumam rir muito ao comentar com seus “amigos” tais feitos. Ainda acrescentam: “Eu fico só observando e me divirto vendo-os bater cabeça”.

Essas pessoas não param para pensar que estão sob a mesma “lona do circo” ao qual ateiam fogo e que, consequentemente, serão igualmente atingidos pelo incêndio que provocarem.

Esta situação é muito comum em empresas, e é surpreendente o grau de alienação dessas pessoas, que quando “caem em si”, ficam estarrecidas, repetindo: “Eu não imaginei que iria causar tamanho estrago!”.

Mas não é só nas empresas que isso ocorre. Nos relacionamentos familiares também. Basta ouvir do outro um “não” para que se comece a torcida a fim de que as coisas não dêem certo, numa tentativa de se provar a própria razão. Exemplo? Situações são inconscientemente detectadas pelo outro que diz: “Puxa! Até parece que você está torcendo contra... rezando para não dar certo...”, e recebe como resposta: “Imagine se eu iria querer uma coisa dessas!”.

Era isso e muito mais que ele queria, sim! Por dentro ele fica se alimentando de satisfações, só de ver o outro todo atrapalhado. Mal sabendo que o que atinge o outro lhe atingirá também, já que compartilham uma vida em comum. Com seus orgulhos feridos, ficam cegos para as ações que estão tendo, acham que o que disseram e da forma como disseram foi algo normal e não o acender do estopim de situações que, inevitavelmente, explodirão.

Quando da operação de apagar os últimos focos do incêndio, ainda dizem: “Bem que eu avisei... Mas você não quis me ouvir...”. “Se tivesse me ouvido, feito do meu jeito...”. E assim por diante, sempre buscando gerar no outro um belo “sentimento de culpa”.

Quando as ações são regidas pelo orgulho e pela vaidade pessoal, não importa o grau de importância que as pessoas têm. O que realmente importa é se auto-afirmar nas posições que se quer realçar.

Não é agradável pensar que pessoas tão próximas de nós possam estar “torcendo” contra, “vibrando” contra. Mas, tristemente, precisamos admitir essa verdade. Ela é muito mais comum e frequente do que se imagina.

No consultório, encontramos o resultado de tamanho estrago, seja de quem sofreu a ação ou de quem a causou, pois ambos se “queimam”, e muito! O incêndio não se restringe somente ao “pedaço” da lona que cobre a pessoa visada, mas atinge a lona toda e cai sobre todos os que estão tanto embaixo quanto ao redor dela.

“Morro, mas eu provo que...” esta é a energia que move quem deixa apenas a vaidade pessoal tomar conta de seus atos. Os pensamentos ficam embotados. O raciocínio encontra todas as lógicas que precisa para se convencer de que está certo. Alguns morrem, literalmente, e levam pessoas consigo, apenas para provarem sua superioridade.

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