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Viver!

Atualizado dia 15/06/2014 15:46:25 em Psicologia
por Paulo Salvio Antolini


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A cliente chegou, sentou-se e sendo sua quinta sessão, iniciou suas reflexões de que estava mais do que nunca decidida a viver intensamente seus sentimentos e emoções. Queria desfrutar da companhia de seu filho, já adolescente, pois sabia que tinha estado todo esse tempo distante dele. Contou que percebeu nitidamente isso no dia anterior, quando passaram um bom tempo juntos e ela então se dispôs a isso.
Perguntado o que ela havia feito e sentido durante esse tempo junto ao filho, ela perguntou: “Como assim?”.

Ela descobriu então que, em todo o tempo em que esteve com ele ficou “teorizando” o estar junto, o conviver, o compartilhar. Em tal intensidade que nem conseguiu reproduzir parte que fosse das conversas que tiveram. Não conseguia se recordar direito. Sabia que ele havia falado um pouco sobre a namorada, mas não se recordava bem o que. Havia também falado de uma festa, ou evento, não se lembrava direito, que iria precisar alugar uma roupa. Mas recordava-se que, em seu “mundo mental” estava a visualizar uma relação muito amorosa, afetiva com seu filho.
Após algumas perguntas, ela percebeu que vem fazendo isso há muito tempo e não só com seu filho. “Nossa, eu venho apenas “sonhando” de me relacionar bem com as pessoas”.

A diferença entre viver o mundo real do mundo mental, ou virtual como se prefere agora, é que no primeiro, as pessoas apenas fazem o que sentem, expressam o que pensam e escutam o que lhe dizem, sem ficarem “teorizando” o como deveria ser.
Outro exemplo é do empresário que, visando aumentar as vendas de seu produto, imagina várias estratégias de vendas, várias abordagens sobre o produto, mas que nunca libera seus vendedores para tal. Sempre tem uma razão que o impede. Em um momento é porque irá fazer uns “folders” para a apresentação. Em outros, porque ainda não teve tempo de criar o “folder”, mais para a frente, porque a gráfica pediu muito dinheiro e, a cada vez, algo lhe justifica o não fazer.

Na verdade, os dois exemplos mostram como uma pessoa justifica para si mesma a insegurança pessoal. O temor de ser rejeitada, seja afetivamente, seja pela aceitação de sua criação. O medo de sentir-se fracassada em suas iniciativas.
No mundo mental, tudo fica mais fácil, pois não há a operacionalização do que se pretende. Não há o realizar. Quando se realiza, começa então a haver uma interação com as outras partes; situações surgem que precisam ser ultrapassadas, questionamentos são feitos e que se precisa responder e com consistência, pois deve haver o convencimento, caso contrário, a situação não irá para a frente, então: Mais fácil é sonhar e transformar esses sonhos em fantasias, onde acabam se esgotando por si só.

Transformar sonhos em realidade, esse é o único caminho para que ocorra a realização: do que se sonha e pessoal, a satisfação pelo feito. A criança escuta a música e começa remexer o corpo. Não precisa ter ritmo, ter harmonia. Quer apenas se divertir e se diverte. O adolescente, e mesmo o adulto, ficam parados, observando com olhar crítico e mentalmente se imaginando o melhor dos dançarinos do salão. Não dança. Não se diverte. Na gíria: “Dançou”.
Vivem melhores e mais feliz aqueles que não se detém nos “modelos” passados pelos meios de massificação. Aqueles que se aceitam como são e não ficam se julgando e se comparando a cada momento. Quando pessoas vivem a se avaliar baseadas nos modelos que lhes são impostos, os resultados são sempre negativos. O estado de ansiedade que vivem é constante, portanto, extremamente estressante.
A insegurança que as pessoas mantêm dentro de si faz com que não se permitam apenas estarem presentes, sem pretensões de serem as maiores nem as melhores. Apenas estarem e, então, desfrutarem da companhia de outras pessoas, dançarem e se divertirem. Realizarem-se e sentirem seus dias preenchidos.

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