Viver para aprender!
Atualizado dia 3/23/2013 7:06:23 PM em Psicologiapor Paulo Salvio Antolini
Uma criança, ao nascer, vem repleta de energia que será, de alguma forma, canalizada para seu processo de aprendizagem e de crescimento. Ela vai absorver aquilo que observar nas pessoas que a rodeiam, muito mais do que o que lhe falarem. É a importância do "modelo".
Todos trazemos uma bagagem genética. Cada um de nós tem características próprias, o que aliás, é motivo de disputa entre as ciências, que brigam pelo direito de ter a razão em seus conceitos. Mas o que de fato interessa é que nesta bagagem individual tem-se o respaldo de manifestações diferentes frente aos mesmos estímulos, meios e processos de aprendizado.
Em obra que relata de forma sucinta a trajetória de Ayrton Senna, o personagem Seninha demonstra um desejo dele em transmitir às crianças valores que estão sendo esquecidos e não cultivados, muito menos ainda passados para as novas gerações.
Lembro-me de uma reunião que participei na Escola de Psicanálise, onde lecionei há muitos anos, em que um dos professores reagiu à afirmação do diretor de que existiam analfabetos e alfabetizados. Esse professor, contundentemente, pregou a existência dos semi-analfabetos. Aguardamos sua explicação, que veio imediatamente: "Os semi-analfabetos são aqueles que aprenderam ler, pois conhecem o alfabeto, mas não sabem interpretar o que leram." Era meados da década de setenta, nenhum de nós discordou. O problema já existia e hoje mais ainda, agravado pelas interpretações interesseiras, visando o autobenefício.
É comum a colocação: "Como ele pode pensar assim?", muitas vezes feita com indignação. Há um grande elenco de responsáveis por isso: nós, pais, que não nos preocupamos em fazer com que os jovens percebam o significado das coisas. A escola, pública ou particular, tem seus interesses na aprovação dos alunos e por isso, muitos vão em frente, mesmo sem embasamento suficiente. O ensino superior, que alega ser fornecedor de instrumentos para a formação profissional, não foge à regra e assim vão se sucedendo uma série de problemas no meio acadêmico. No meio político, é desnecessário dizer o quanto a prática está longe do discurso (leia o que foi citado na última linha do segundo parágrafo: "a importância do "modelo") e na competição profissional, percebe-se um querendo passar por cima do outro, pois é preciso "sobreviver e sobressair-se", como se essa fosse a única forma.
Mas a origem principal está na família, "célula primeira" como nós, especialistas (?) gostamos de chamar. E aqui há verdade. A família é o primeiro modelo de compartilhamento que a criança possui.
Observem que, em uma mesma família, pai e mãe falam e agem sem perceber o quanto estão instigando uns contra os outros. Se um filho reclama de um irmão, o pai ou a mãe, ao invés de ouvi-lo e depois orientá-lo sobre como falar com o irmão, tecem críticas que reforçam ainda mais a queixa. Não param por aí. Na primeira oportunidade descarregam tudo o que foi queixado pelo irmão, dando inclusive uma conotação de que este está com a razão. Depois ainda têm a coragem de dizer: "Não sei mais o que faço com esses dois. Eles não se entendem. Nem parecem irmãos!".
Realmente, temos ainda que viver muito para aprender. Como esperar resultados diferentes se estamos fomentando a discórdia e a intriga? Existe uma afirmação muito sábia: "O plantio é livre. A colheita é obrigatória".
Todos têm responsabilidades. As famílias, as escolas, as religiões, os grupos sociais, os políticos, enfim, todos precisam conversar, entender e conceituar adequadamente situações, comportamentos, posturas.
Na medida em que se estabelece a compreensão e a integração entre as pessoas, muitas discordâncias deixarão de existir e muito melhor será a convivência.
Relembrando: É necessário aprender sempre e repassar isso para nossos descendentes e dependentes.
Texto revisado
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