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Sentimentos à flor da pele

Atualizado dia 24/08/2015 16:20:40 em Vidas Passadas
por Flávio Bastos


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"Todos os homens das profundezas põem a sua felicidade em se poderem parecer com os peixes voadores que brincam no alto da crista das vagas; consideram que a superfície é a melhor das coisas: o que elas tem à flor da pele". (Friedrich Nietzsche)

Nos últimos anos de prática psicoterapêutica, tenho recebido pessoas de todas as regiões do Brasil, principalmente depois que comecei a atender também no Rio de Janeiro, cidade cosmopolita que agrega pessoas oriundas de várias regiões do país e do mundo.

No entanto, embora cada indivíduo tenha o seu sotaque que revela a sua procedência e traga consigo a influência cultural de seu estado ou país, todos se assemelham quando as suas angústias são reveladas na intimidade do consultório, pois a dor psíquica independe da nacionalidade ou de características culturais associadas a um determinado estado ou região. 

Somos humanos e, por isso, independentemente de nossos hábitos, origens ou costumes, trazemos na bagagem de muitas vidas do espírito imortal, um paradigma emocional-comportamental repleto de bloqueios e medo não revelados à luz da consciência. Sentimentos que definem a nossa trajetória existencial durante séculos de vivências na materialidade, sem praticamente alterarmos para melhor este modelo que oculta em seus bastidores a verdade de cada um.

Essa verdade, arraigada aos porões da inconsciência, representa o nível de sofrimento de cada indivíduo dotado de inteligência e Livre-Arbítrio. Na maioria dos casos, são sentimentos geradores da autossabotagem que permanecem fustigando o indivíduo vida após vida, sem que ocorra uma alteração do estado de coisas associado ao desconhecimento de si mesmo. É o que veremos a seguir.

Samyra, desde a infância trazia consigo um sentimento de insatisfação com a vida, experiência que foi se intensificando com o passar do tempo, a ponto dela pensar em dar um ponto final ao seu sofrimento.

Sua vida atual fora construída em bases frágeis e inseguras de uma infância reprimida por um pai severo, ausente afetivamente e controlador, e de uma mãe submissa aos mandos e desmandos do marido. Experiência que potencializou uma insatisfação que encontrava-se latente em seu íntimo de criança.

Após a consulta avaliativa, repleta de catarse em função de sentimentos e emoções reprimidas pelas memorizações que marcaram fatos traumáticos de sua infância, encaminhamos a regressão de memória para o próximo encontro, na expectativa de obter-se com o estado alterado de consciência, informações ocultas no baú da inconsciência.

Na primeira vivência, Samyra acessa a infância da vida atual e se vê como bebê sendo alimentada por uma pessoa que não era a sua mãe biológica. Na sequência se vê aos cinco ou seis anos de idade numa cena de conflito entre os pais. Ela sente a sua mãe triste e uma angústia no peito. O pai vai embora de casa e ela sente um alívio e o desejo que nunca mais retorne ao lar.

Na segunda vivência, Samyra acessa uma vida na qual vivia numa casa grande em meio a uma lavoura, em zona rural. A vida naquela casa era somente ela e o pai, pessoa autoritária e controladora (reconhece o pai da vida atual). Angustiada, se vê sentada na alta janela de seu quarto e pensa em se atirar, mas desiste da ideia e recolhe-se para o sono noturno. Passa o tempo e ela se vê com 42 anos como cuidadora de seu pai, que encontra-se com a saúde debilitada e dependente dela. O tempo passa e ela sente-se só e doente, com medo da morte. Fica o sentimento de uma vida vazia, sem realizações pessoais e pobre afetivamente, onde prevaleceu o sentimento de insatisfação.

Na terceira vivência, Samyra acessa uma imagem na qual se vê como homem deitado numa relva e acompanhado de uma jovem mulher. É a Catherine, conforme a reconhece. Diz estar apaixonado pela bela jovem e os dois permanecem naquele lugar, rodeado de exuberante natureza, curtindo a paixão que os arrebata. O tempo passa e Samyra se vê como um velho boêmio, rico e solitário. A paixão de sua juventude, a Catherine, casou com um homem sério, elegante e focado em constituir uma família nos moldes tradicionais, um perfil bem distinto do seu. No entanto, apesar de ter sido rejeitado, ele (ela) continua apaixonado pela Catherine e usa a boemia como válvula de escape onde canaliza a sua frustração amorosa e sua dor de cotovelo. Passa o tempo e Samyra encontra-se no final da vida, solitário, doente e com sentimento de uma vida vazia, de tempo perdido e sem realizações pessoais. Percebe a autoanulação ou autossabotagem no contexto vital, ou seja, de não se achar merecedora de uma vida melhor.

COMENTÁRIO

Samyra acessou memórias que precisava para processar as suas elaborações a respeito do modelo emocional-comportamental que a acompanha há muito tempo, onde o sentimento de insatisfação associado à autossabotagem e ao processo de vitimização, estiveram presentes no contexto de vidas anteriores.

A experiência de um amor intenso, passional, relacionado à jovem Catherine, serve como referência afetiva no sentido de Samyra compreender que na vida atual tem mais uma oportunidade de vivenciar o amor equilibrado no convívio com os atuais afetos de seu momento existencial: o marido e a filha. Mas para tal, sentimentos que se encontravam reprimidos pelo autoboicote, devem sobressair "à flor da pele" (à superfície) pelas descobertas que a regressão de memória, em estado alterado de consciência, proporciona ao indivíduo que busca o autoconhecimento e a autocura.

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Conteúdo desenvolvido por: Flávio Bastos   
Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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