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Ser gorda ou não ser: uma questão do preconceito (Parte I)

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Autor Andrea Pavlo

Assunto Vidas Passadas
Atualizado em 11/6/2013 11:58:36 PM




Escrevo há anos. E até já pincelei o assunto em alguns artigos, mas nunca falei disso abertamente. E hoje, assistindo a um capítulo da novela da Globo, onde uma enfermeira gorda é humilhada por querer se casar com um bonitão, parece que me deu coragem.

Sou gorda desde os 11 anos, quando comecei um gradativo processo de “ser diferente da maioria”. Junto com a minha gordura e com o desejo de experimentar o mundo pela boca, veio um monte de coisas. Aos 11 eu comia. Muito. Gostava já de chocolate (sou chocólatra assumida) e de coisas que os médicos repudiam. Pegava a minha parca mesada e gastava toda numa farra gastronômica regada à hambúrguer e batatas-fritas. Eu nunca havia experimentado nada parecido. E muito menos melhor.

Mas eu não era só gorda. Era inteligente. Escrevia e dirigia peças de teatro no prédio. Conhecia nomes como Caetano Veloso e escrevia um jornal para as crianças da comunidade que dava um gibi para o desenho mais bonito. Escrevi um livro falando de uma família de negros e o preconceito que eles sofriam e ganhava os prêmios de redação da escola. Com louvor. Mas é daí? Eu era gorda.

E aí minha mãe me levou à um médico. E ele disse que, se não emagrecesse, teria os seios enormes e “cheios de alergia e bolinhas doloridas no meio deles” (SIC) quando crescesse. Fiquei apavorada e tomei a fórmula milagrosa que me fez perder oito quilos em dois meses. E estava “linda” no verão quando minha vista ficou escura e eu tive uma disritmia cerebral dupla por conta de anfetaminas e sabe-se lá mais o que que o nobre doutor colocou na minha fórmula.

Nunca fui preguiçosa. Sempre gostei de exercícios. Fazia vôlei no clube e adorava exibir minhas joelheiras pelas ruas do bairro. E eu era boa nisso. Depois fiz balé, anos de natação, jazz. Caminhava todos os dias no parque e, desde os 11 anos, não parei de fazer dietas. Desde as mais malucas até as chamadas reeducação alimentar.

Fiz terapia, yoga, tai chi. Curso de alimentação natural, Vigilantes do Peso (três vezes), Meta Ideal (ou será que a meta era real?). No terceiro ano da faculdade tinha um estúdio de fotografia montado e a Ângela, a professora de fotografia, queria ser a minha tutora porque acreditava no meu talento. Mas o assunto predileto dos meus “amigos” da época era só um: o tamanho do meu bumbum (depois que me recusei a sair com um idiota completo).

Emagreci e engordei inúmeras vezes. Usei todos os manequins possíveis. Passei por todo tipo de situação constrangedora que uma pessoa poderia passar. Quando perguntei, aos 14 anos para a minha mãe se eu era bonita ela respondeu “Você é bonita. É uma gorda bonita” (SIC). Dizia isso enquanto escondia os potes de chocolate e biscoitos que comprava, mas escondia (é, eu nunca entendi muito bem isso). Uma vez, entrando toda autoconfiante numa balada, ouvi um grupo de garotos falando que não sabiam que a Fat Family ia cantar naquela noite (eu estava com as minhas amigas, também gordas). Chorei baixinho bebendo uma caipirinha e escondida num canto pelo resto da noite. O menino pelo qual eu fui apaixonada a adolescência inteira disse uma vez que eu não poderia entrar no carro dele porque eu ocuparia todo o banco de trás. E uma vez um “senhor” resolveu me chamar de gorda no meio de um supermercado porque achou que eu “roubei” a vaga dele no estacionamento.

Mas continuei. Mesmo gorda. Ignorando tudo e todos ao meu redor e imaginando que sim, um dia eu seria magra. Um dia eu acordaria, depois deu uma longa dieta, e ninguém mais poderia falar mal de mim. Ninguém poderia me rejeitar, me dizer que eu era feia. Minha mãe teria orgulho de mim e meu pai também (porque eu seria magra e não por ter descoberto a cura do câncer ou qualquer coisa assim). O rapaz pelo qual eu estava apaixonada não ia me tratar como a “amiga legal” e assisti filmes no escuro sem nem me tocar, porque eu seria magra. As pessoas me olhariam com respeito, como deveria ser.

(continua)


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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Andrea Pavlo   
Psicoterapeuta, taróloga e numeróloga, comecei minhas explorações sobre espiritualidade e autoconhecimento aos 11 anos. Estudei psicologia, publicidade, artes, coaching e várias outras áreas que passam pelo desenvolvimento humano, usando várias técnicas para ajudar as mulheres a se amarem e alcançarem uma vida de deusa.
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