A raiva é uma das emoções mais intensas que o ser humano experimenta. Ela tem como base uma necessidade do ego de sempre ter satisfeitos todos os seus desejos.
Na fase infantil, totalmente direcionada pelas reações instintivas, a frustração da vontade costuma gerar explosões de raiva, e a criança chora, grita e esperneia quando aquilo que ela deseja lhe é negado.
Mesmo que o adulto, pacientemente, tente lhe explicar as razões pelas quais não pode ter aquele objeto ou situação, na maioria das vezes, o ego infantil se recusa a aceitar.
Isto porque ele não se rende a argumentos racionais, é movido apenas pelo prazer imediato, o sentimento de bem-estar que a satisfação de seu desejo lhe provoca.
E, do mesmo modo, no mundo adulto as reações de raiva geralmente revelam um ser imaturo, permanentemente exigindo que todos os seus pedidos sejam atendidos.
A raiva, na maior parte das vezes esconde uma dor latente, uma ferida gerada por uma circunstância em que a vida nos negou algo que, segundo a nossa crença, nos faria felizes. E, todas as vezes em que experimentarmos a mesma sensação, a reação será visceral.
O desejo, seja por uma conquista material, afetiva ou de qualquer outra natureza, tem como base a busca por um estado permanente de bem-estar que todo ser humano persegue.
E, quanto maior for o vazio interior, maior a intensidade com que se tentará preenchê-lo com as vitórias vindas do exterior. Enquanto não nos tornamos conscientes desse mecanismo, a reação será sempre de raiva, seja ela manifesta explicitamente ou reprimida e, com o tempo, transformada em algum desequilíbrio no corpo físico.
Reconhecer as razões ocultas por trás da raiva, é essencial para que possamos aprender a lidar com a vida de um modo mais equilibrado, sem colocar a nossa felicidade em objetos ou situações, cuja conquista não depende unicamente de nossa vontade.
...Na vida, lembre-se de uma coisa: nunca deseje coisa alguma tão intensamente como se isso fosse uma questão de vida ou morte. Seja um pouco brincalhão.
Não estou dizendo, não deseje - porque isso se tornará uma repressão em você. Estou dizendo, deseje, mas deixe seu desejo ser brincalhão. Se você puder realizá-lo, ótimo. Se você não realizá-lo, talvez não fosse o tempo certo; veremos da próxima vez. Aprenda algo da arte de brincar.
...Isso é o que quero dizer quando falo para não levar coisa alguma a sério... nem mesmo você mesmo. E assim você verá que a raiva simplesmente não aconteceu. Não há nenhuma possibilidade de raiva... Seja brincalhão com seus desejos, e assim permaneça o mesmo no sucesso ou no fracasso.
Apenas comece a pensar sobre si mesmo à vontade. nada especial; não que você precisa ser vitorioso, não que você tenha que ser bem-sucedido em cada situação. Esse é um mundo grande e somos pessoas pequenas.
Uma vez que isso se estabelece em seu ser, então tudo é aceitável. A raiva desaparece e o desaparecimento dela lhe trará uma nova surpresa, porque quando a raiva desaparece, deixa para trás uma tremenda energia de compaixão, de amor, de amizade". - Osho