Uma necessidade comum na maioria das pessoas é agradar. Aprendemos a fazer isso muito cedo, quando somos comparados a um irmão, primo, vizinho, quando somos deixados de lado nas brincadeiras, ou quando somos humilhados, envergonhados, ou ainda, quando nossas necessidades não são supridas, nos deixando a certeza que devemos estar fazendo algo errado, que não podemos continuar agindo do nosso jeito, e aos poucos vamos nos distanciando de quem somos, de nossa essência. Assim, passamos a vida colocando as necessidades do outro acima das nossas, acabamos cedendo acima de nossos limites, e os conflitos começam.
Nem sempre quem age agradando a todos tem a consciência que faz muitas coisas com esse objetivo, pois muitas vezes essa necessidade é inconsciente. Necessidade de quê? De sentir-se importante! Importante o suficiente para ser amada! É preciso muita honestidade consigo mesma para reconhecer esse comportamento. Fazemos isso de maneira tão natural que sequer nos damos conta. Mas reconhecemos claramente quando nosso objetivo em agradar é frustrado ao não sermos reconhecidas.
Fazemos de tudo para que alguém perceba nosso valor, porque lá no fundo, nós mesmas não percebemos o valor que temos! E quando não recebemos esse reconhecimento por quem somos, procuramos obtê-lo pelo que fazemos. Ficamos sem comer as coisas que mais gostamos para emagrecer; trabalhamos exaustivamente sem descanso; deixamos a casa impecavelmente limpa e arrumada, a roupa lavada, passada e cheirosa organizada no armário; preparamos um jantar especial e mesmo assim não há nenhuma reação do outro lado que demonstre ter percebido todo nosso empenho. Quando não há reconhecimento de alguém nos decepcionamos, nos frustramos. Ficamos com a nítida sensação de que nossa dedicação - quase compulsão - em agradar, não é sequer percebida. Brigamos, gritamos e passamos a ser a pessoa errada na história pelo simples fato de demonstrarmos nosso descontentamento com tamanho descaso. Como resposta ouvimos que só sabemos reclamar e cobrar.
Sempre que queremos agradar alguém, ficamos presos na expectativa do reconhecimento, de um elogio e se não o recebemos, nos frustramos. E a cada frustração buscamos agradar um pouco mais. O melhor caminho para a decepção é a expectativa da atitude de outra pessoa, pois toda vez que não recebemos o reconhecimento dela por aquilo que estamos fazendo com tanto esforço, sentimos que nossos esforços não estão valendo a pena. Isso acabará gerando lamentações constantes e que ninguém reconhece seu valor! Assim, surge o sentimento de não estar sendo valorizada, deixando de nos responsabilizar por aquilo que compete a nós. É importante lembrar que assumir responsabilidade é muito diferente de acusar a si mesma ou se sentir culpada.
Mas o que nos leva a querer agradar tanto alguém e nem percebemos? Só percebemos o resultado: insatisfação, tristeza, decepção. Além da necessidade em se obter reconhecimento a aprovação, o impulso de querer agradar é muitas vezes produzido pelo medo da perda. É quando você acredita ser incapaz de viver sem o que - ou quem - teme perder. Sente que o menor erro pode ter consequências terríveis, devendo tomar cuidado com o que fala e como age para evitar uma rejeição. Assim, uma pessoa que sente necessidade de agradar, ainda que seja inconsciente, está sempre tensa, ansiosa e sobrecarregada, porque além de tudo, dificilmente consegue dizer não! Está sempre tentando adivinhar o que os outros querem que ela seja e como deve agir, pois a opinião dos outros é muito mais importante que a dela mesma. Aos poucos aprende a não ter desejo algum, opinião alguma. Tudo que faz é para agradar ao outro. Escuta as opiniões dos outros antes da sua própria. A opinião dos outros, igual às necessidades deles, são mais importantes que as suas. Quem deseja agradar coloca quase sempre seu valor próprio nas mãos dos outros e depende inteiramente do julgamento deles. Sua estratégia está em se concentrar nos outros, com o desejo de obter aprovação, admiração, reconhecimento, atenção das outras pessoas, de modo a ser aceita por eles, pois na verdade, não se aceita e nem se aprova.
Enquanto não conseguir obter aquilo que no fundo deseja - agradar para conseguir atenção - maior se torna sua necessidade. Na verdade, sua necessidade não é agradar, é ser aceita, valorizada, amada. Só enfrentando o que estiver sentindo, seja o que for, lhe proporcionará uma percepção da própria força, da sua riqueza de recursos internos e da sua capacidade de conseguir o que quiser e chegar até onde se permitir.
Todo ser humano precisa de reconhecimento pelo que faz, mas há uma diferença enorme entre querer esse reconhecimento de uma maneira saudável e depender do reconhecimento exterior a ponto de tornar-se incapaz de viver sem ele o tempo todo. Reveja com honestidade seu objetivo e comprometa-se em agradar a si mesma, reconhecendo cada conquista, esse é o primeiro passo para alcançar seus objetivos mais sagrados!
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Sobre o autor
Rosemeire Zago é psicóloga clínica CRP 06/36.933-0, com abordagem junguiana e especialização em Psicossomática. Estudiosa de Alice Miller e Jung, aprofundou-se no ensaio: `A Psicologia do Arquétipo da Criança Interior´ - 1940.
A base de seu trabalho no atendimento individual de adultos é o resgate da autoestima e amor-próprio, com experiência no processo de reencontrar e cuidar da criança que foi vítima de abuso físico, psicológico e/ou sexual, e ainda hoje contamina a vida do adulto com suas dores. Visite seu Site e minha Fan page no Facebook. Email: [email protected] Visite o Site do Autor