Pais narcisistas perversos sempre exigem muito dos seus filhos e primam para que eles tenham aparência impecável frente à sociedade, independente do sofrimento e da situação que possa estar acontecendo. Como esses pais não têm a capacidade empática para com os seus filhos, na maioria das vezes, tudo o que eles passam e sentem é anulado. O paradoxo, porém, é que esses mesmos filhos têm a obrigação de ter um farol ampliadíssimo de empatia para com os seus pais, sob pena de se não estiverem atentos às necessidades deles, sofrerem com castigos, inserções de culpas e palavras depreciativas, que ao longo do tempo irão construir de modo drástico personalidades totalmente anuladas e assustadas com enorme medo de um desamparo maior. A regra do jogo, portanto, é devoção absoluta a esses magnânimos pais.
Em meu consultório, tenho inúmeros relatos de filhos que não poucas vezes sofreram riscos reais de vida por conta da negligência de pais narcisistas perversos, que estão apenas a serviço de si mesmos. As histórias vão desde esquecimento em festinhas, escola, reunião de pais, até o fato de não levarem a sério quando eles passam por algum mal-estar físico ou emocional, desqualificando e desacreditando-os a ponto de poderem deixá-los sob intenso sofrimento, alegando que tudo é manha.
Pais narcisistas jamais valorizam o que os filhos fazem, exigem obediência cega a tudo o que eles acham importante para si mesmos e muitas vezes têm comportamentos além de desqualificadores, extremamente agressivos quando a correspondência não esta a contento e, na verdade, nunca está. As punições vão desde castigos impedindo que os filhos façam algo que desejam muito, até surras, incluindo xingamentos de toda ordem.
Quando os filhos vão se tornando adultos, esses pais continuam a fazer de tudo para se perpetuarem em suas alucinadas percepções de autoengrandecimento. Muitos acabam denegrindo a imagem dos próprios filhos para seus parceiros, em suas vidas sociais, trabalho e outros. Quando estes têm filhos, rivalizam querendo a todo custo mostrar aos netos que são melhores com eles do que os próprios pais. Um verdadeiro inferno e muitas vezes se faz necessário um afastamento emocional severo ou mesmo físico quando não há contenção possível desse adoecimento do psíquico parental.
Em algumas circunstâncias, os filhos quando em terapia conseguem se desidentificar de tal modo dessa trama, que não mais se sentem afetados por quaisquer artimanhas manipulativas provocadas por estes pais.
Por mais terrível que essas situações de vida possam ser, em algum momento, é importante que as vítimas tenham consciência de que seus pais, por mais difíceis que sejam, também são frutos de histórias emocionais e familiares que os fizeram ser e agirem deste modo.
Um bom processo terapêutico, além de ajudar no reprocessamento dos traumas, tem grande valia no auxílio do resgate de uma identidade bastante diferente de tudo o que foi imposto. Existem ferramentas eficientes para se trabalhar com esses temas nas abordagens de EMDR e Brainspotting.
Silvia Malamud é colaboradora do Site desde 2000. Psicóloga Clínica, Terapias Breves, Terapeuta Certificada em EMDR pelo EMDR Institute/EUA e Terapeuta em Brainspotting - David Grand PhD/EUA.
Terapia de Abordagem direta a memórias do inconsciente.
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Autora dos Livros: Sequestradores de almas - Guia de Sobrevivência e Projeto Secreto Universos